Sáb, 06 de Dezembro

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Eliminação de taxa de 10% por Trump é difícil, e caminho é buscar exceções, acreditam negociadores

Presidente americano anunciou tarifas chamadas por ele de recíprocas nesta semana

Presidente dos EUA, Donald Trump, exibe ordem executiva assinada por ele que impõe tarifaço global  Foto: SAUL LOEB / AFPPresidente dos EUA, Donald Trump, exibe ordem executiva assinada por ele que impõe tarifaço global Foto: SAUL LOEB / AFP - Foto: Saul Loeb/AFP

Os sinais emitidos pelos Estados Unidos ao governo brasileiro até o momento são que a tarifa de 10% aplicada ao país não será eliminada.

Por essa razão, os negociadores querem reduzir o percentual, ou excluir o máximo de produtos da pauta de itens vendidos para os EUA com a nova taxa.

Representantes do Brasil e do governo Donald Trump têm se reunido semanalmente e uma nova conversa acontecerá nos próximos dias.

Segundo um interlocutor que participa das discussões, a decisão de adotar a tarifa mínima de 10% para o Brasil foi um "mal menor", pois parceiros tradicionais dos EUA, como China e União Europeia, terão alíquotas mais elevadas.

Nos bastidores, a informação é que o principal critério para convencer os americanos a poupar as exportações brasileiras de taxas maiores, como a de 34% para a China, ou a de 20% para a União Europeia, foi o superávit que os EUA têm na balança comercial com o Brasil.

A estimativa é que, de 2019 a 2024, os americanos acumularam um saldo positivo de mais de US$ 58 bilhões no comércio de bens e serviços.

A reação do Brasil ao tarifaço de Trump depende de discussões com o setor privado brasileiro.

Para evitar o acirramento da guerra comercial, o acordo com os EUA é o objetivo principal do Brasil.

No entanto, discute-se internamente um plano de retaliação que abrangeria elevação de tarifas de bens e quebra de patentes de produtos como medicamentos.

Um integrante do governo ressaltou que o Brasil já tem a "carta da retaliação na manga", em uma referência ao projeto aprovado pelo Congresso Nacional, com o apoio de governistas e opositores a Lula, que permite a adoção de medidas como a elevação de tarifas de importação e a quebra de patentes e direitos autorais.

Esse interlocutor disse ainda ser preciso saber o que a indústria quer fazer para se defender, sem se prejudicar.

Como o aumento das alíquotas cobradas encarece as importações e, por tabela, os custos industriais, o mais provável é focar em propriedade intelectual.

Nesse caso, o lado mais afetado seriam os EUA, que detém patentes de medicamentos e são grandes exportadores de filmes.

Mas o setor privado dará a última palavra.

Até a última quarta-feira, dia em que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou o tarifaço no comércio com outros países, as conversas estavam concentradas, principalmente, no aço.

Junto com alumínio e automóveis, os produtos siderúrgicos estão, desde 12 de março último, com uma taxa de 25%.

O Brasil é um dos principais fornecedores de aço para os EUA e alega que a maior parte é matéria-prima para a indústria americana.

Um interlocutor do governo Lula disse que a ideia é restabelecer o acordo de cotas de exportação fechado em 2018 com os EUA, no primeiro mandato Trump.

Assim, entraria naquele país uma quantidade limitada de aço sem a taxa de 25%.

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