Sáb, 06 de Dezembro

Logo Folha de Pernambuco
BRASIL

Em crise com o agro, Lula anuncia Plano Safra empresarial

Programa reserva R$ 516,2 bilhões a produtores de médio e grande porte

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT)O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) - Foto: Evaristo Sa / AFP

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participa nesta terça-feira (1º), no Palácio do Planalto, do lançamento do Plano Safra da Agricultura Empresarial 2025/2026. A nova edição do programa destina R$ 516,2 bilhões ao setor agropecuário, em um aceno estratégico ao agronegócio.

O governo afirma que o montante representa um aumento de R$ 8 bilhões — ou 1,5% — em relação ao ciclo anterior, desconsiderando a inflação. No entanto, quando se leva em conta o aumento dos preços, o valor do ano passado, corrigido pela calculadora do Banco Central, é 4% maior que o deste ano.

No plano anterior, que incluía recursos oriundos das Letras de Crédito do Agronegócio (LCA) para emissão de Cédulas do Produto Rural (CPR), o total havia alcançado R$ 508,59 bilhões.

Uma das principais novidades é a exigência do cumprimento das recomendações do Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) para a concessão de crédito de custeio agrícola. Antes, essa exigência era limitada a operações de até R$ 200 mil contratadas por agricultores familiares com enquadramento obrigatório no Proagro.

Lula está acompanhado do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, e do vice-presidente Geraldo Alckmin. Os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Marina Silva (Meio Ambiente), Waldez Goés (Desenvolvimento Regional), Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos), Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário) e Sidônio Palmeira (Secom) também estão presentes.

Em seu pronunciamento, Fávaro disse que construir o programa foi difícil e criticou o aumento da taxa Selic, citando nominalmente o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo.

— É fácil contextualizar as dificuldades: uma Selic de 15% ao ano, e com todo o respeito ao (Gabriel) Galípolo (presidente do Banco Central) e equipe econômica do Banco Central, não consigo entender. Temos a inflação e números controlados, o crescimento da economia, o desemprego caiu e uma Selic de 15%

O programa é coordenado pelos ministérios da Agricultura e do Desenvolvimento Agrário e oferece crédito subsidiado, incentivos e políticas públicas para produtores de todos os portes. As linhas de financiamento contemplam desde o custeio da produção até a aquisição de máquinas, investimentos em tecnologia, infraestrutura e práticas sustentáveis.

Com o lançamento, o governo reafirma seu esforço para se reaproximar do setor agropecuário, historicamente mais alinhado ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e alvo de recorrentes crises. Ontem, a Frente Parlamentar Agropecuária (FPA), mais conhecida como a bancada do agro, alegou não ter sido convidada ao evento, o que foi negado pela Secom.

Na parte da noite, os parlamentares afirmaram terem sido convidados, mas estão ausentes. No início da tarde, farão uma coletiva on-line sobre o plano, onde farpas são esperadas.

Nesta segunda-feira, também no Planalto, Lula anunciou o Plano Safra da Agricultura Familiar 2025/2026, com recursos de R$ 89 bilhões.

Tensão com o Congresso
O evento desta segunda foi permeado por tensão política, após a Advocacia-Geral da União (AGU) ter anunciado a judicialização da derrubada dos dois decretos presidenciais que aumentavam o IOF. Na semana passada, o Congresso se posicionou contra o governo e, hoje, o ministro Jorge Messias comunicou a decisão menos de uma hora antes do evento.

O acionamento no Supremo Tribunal Federal (STF) representa a escalada dos ânimos com o Legislativo. Ontem, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB) já havia afirmado que avisou o governo que as propostas teriam dificuldade de serem validadas pela Casa.

Veja também

Newsletter