Empresário é investigado por liderar esquema bilionário de fraudes em combustíveis ligados ao PCC
Conhecido como "Primo", ele é apontado como chefe de rede criminosa que usava empresas para lavagem de dinheiro e sonegação fiscal
Mohamad Hussein Mourad, também conhecido pelos apelidos “Primo” ou “João”, está no centro de uma investigação que desmantela um dos maiores esquemas de fraudes no setor de combustíveis no país, com suspeitas de ligação direta com o Primeiro Comando da Capital (PCC). A operação, conduzida por autoridades federais, revelou uma complexa rede de empresas usadas para lavagem de dinheiro e sonegação de impostos, com movimentações bilionárias.
As investigações apontam, no entanto, que Mourad era o epicentro de um esquema que utilizava empresas como a própria Copape e a distribuidora Aster para fraudes fiscais. A estratégia envolvia inflar preços entre as empresas para simular operações e gerar créditos tributários indevidos, além de burlar o pagamento de impostos. A rede liderada por ele incluía familiares, sócios, administradores e outros profissionais cooptados para executar e dar aparência de legalidade às operações.
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De acordo com o juiz Sandro Nogueira de Barros Leite, responsável por decisões que desencadearam a operação, os vínculos de Mourad com o crime organizado são parte central da apuração.
Mourad se apresentava como CEO da G8LOG, empresa que, segundo seu perfil no LinkedIn, atuava no transporte rodoviário de cargas perigosas, como combustíveis. Ele também afirmava ser consultor do grupo Copape, responsável pela formulação de gasolina a partir de derivados de petróleo. “Sou um empresário e investidor que acredita na potência do trabalho, da disciplina e do comprometimento como caminho para o alcance de resultados sólidos”, escreveu na rede profissional.
Copage
Em um vídeo publicado há cerca de oito meses em suas redes sociais, Mourad afirmou que a Copape havia sido fechada pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) sob a alegação de ligação com o PCC — associação que, segundo ele, teria sido posteriormente desmentida. A declaração, no entanto, contradiz os indícios reunidos pelas autoridades e reforçados pelas movimentações suspeitas das empresas sob sua influência.
A investigação segue em curso, com novos desdobramentos esperados nos próximos meses, enquanto o Ministério Público e a Polícia Federal aprofundam a análise das operações e do envolvimento da organização criminosa.

