Empréstimo aos Correios entra em reta decisiva com prazo para bancos enviarem propostas
Empresa corre contra o tempo para conseguir ao menos R$ 10 bilhões no curto prazo
O empréstimo que os Correios negociam em busca de um alívio financeiro entrou em uma fase decisiva. A empresa espera receber propostas para uma linha de até R$ 20 bilhões até esta quarta-feira (26).
Esse foi o prazo dado a cerca de 10 bancos que foram procurados pela estatal na segunda rodada de negociações sobre a operação de crédito. A empresa corre contra o tempo para conseguir ao menos R$ 10 bilhões no curto prazo.
Em uma primeira oferta, a taxa de juros oferecida pelos bancos foi considerada muito elevada pela empresa, uma vez que a operação deve ter aval da União. Nesses contratos, normalmente é considerada como parâmetro uma taxa de até 120% do CDI.
Segundo interlocutores, porém, as instituições ofereceram 136% do CDI. Participaram dessa primeira rodada de negociações BTG Pactual, Citibank, ABC Brasil e Banco do Brasil.
Leia também
• Ex-diretor dos Correios e procuradores falam ao Senado sobre falhas contábeis e prejuízo bilionário
• Número 2 de Haddad diz que situação dos Correios pode virar problema maior para contas públicas
• Correios: prejuízo pode chegar a R$ 23 bilhões em 2026 sem plano de reestruturação
Na segunda tentativa, os Correios reduziram a meta financeira para aumentar o rol de bancos disponíveis, de modo a tentar aumentar a oferta e reduzir o preço cobrado. No curto prazo, a cúpula da estatal espera ao menos R$ 10 bilhões para reequilibrar as contas, pagar dívidas em atraso e colocar de pé um plano de reestruturação que permita sua sustentabilidade no médio e longo prazo.
Sem o plano, o prejuízo dos Correios pode chegar a R$ 23 bilhões em 2026, segundo estimativas internas obtidas pelo GLOBO. Neste ano, o rombo projetado seria de R$ 10 bilhões.
O cenário é gerado por queda de receitas e aumento de custos, além de perda de espaço no mercado de encomendas, de 51% para 25%. Com a execução do plano, os Correios estimam redução do déficit em 2026 e retorno à lucratividade em 2027.
A situação da empresa é fonte de preocupação da equipe econômica. Nesta segunda-feira, o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, disse que os problemas são graves e que há risco de o impacto nas contas públicas ser ainda maior no ano que vem.
A empresa registrou prejuízo de R$ 4,3 bilhões no primeiro semestre e tem tido um fluxo negativo de caixa de R$ 750 milhões por mês. Além disso, a projeção para o resultado primário da empresa passou de déficit de R$ 2,4 bilhões para rombo de R$ 5,8 bilhões.
Principalmente pelo impacto da reprogramação dos Correios, a projeção de déficit das estatais para fins da meta fiscal passou de R$ 5,5 bilhões no relatório divulgado em setembro para R$ 9,2 bilhões, acima da meta para esse conjunto de empresas, que é de rombo R$ 6,2 bilhões em 2025. Isso gerou necessidade de compensação de R$ 3,0 bilhões no Orçamento da União.

