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Fazenda afirma que desaceleração do PIB está associada a 'política monetária restritiva'

PIB cresceu apenas 0,1% no terceiro trimestre do ano

Ministro da Fazenda, Fernando HaddadMinistro da Fazenda, Fernando Haddad - Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

O Ministério da Fazenda afirmou nesta quinta-feira que a perda de força do consumo das famílias no terceiro trimestre teve papel importante no resultado mais fraco do Produto Interno Bruto (PIB). A Secretaria de Política Econômica (SPE) destacou que esse movimento está diretamente relacionado aos efeitos da política monetária restritiva, que mantém o crédito mais caro e limita a capacidade de gasto das famílias.

De acordo com dados do IBGE, o PIB cresceu apenas 0,1% entre julho e setembro, depois de ter avançado 0,3% no trimestre anterior. A SPE chama atenção para o fato de que o consumo das famílias — uma das principais engrenagens da economia — perdeu ritmo não só na comparação trimestral, mas também em relação ao ano anterior. No segundo trimestre, o consumo das famílias tinha crescido 1,8%, já no terceiro esse avanço caiu 0,4%.

“A desaceleração do consumo está associada ao desaquecimento dos mercados de trabalho e crédito no terceiro trimestre, em resposta aos impactos defasados da política monetária restritiva”, diz a nota técnica. Esse diagnóstico ocorre em meio ao debate sobre os próximos passos do Copom e sobre a possível manutenção dos juros elevados por mais tempo.

Para a Fazenda, essa mudança reflete o impacto dos juros elevados, que tornam empréstimos, parcelamentos e financiamentos mais caros. Como esses efeitos aparecem aos poucos, eles acabam se acumulando e reduzindo gradualmente a disposição das famílias para consumir, o que enfraquece o desempenho de setores dependentes da demanda interna, como os serviços.

Na avaliação do governo, a desaceleração fica ainda mais evidente porque o primeiro semestre de 2025 foi revisado para cima, mostrando que a economia vinha crescendo mais rápido do que inicialmente calculado. Com isso, a freada no segundo semestre se torna mais perceptível.

Mesmo com a perda de fôlego, o PIB cresceu 1,8% na comparação com o mesmo período de 2024, resultado ligeiramente acima das expectativas do mercado. Ainda assim, ficou abaixo do que projetava a própria SPE, que estimava 1,9% nessa base de comparação e 0,3% na margem.

A Fazenda avalia que o crescimento do ano deve ficar em torno de 2,2%, sustentado principalmente pelos trimestres anteriores. A pasta também aponta que, enquanto o consumo doméstico arrefeceu, o setor externo deu impulso ao PIB, com exportações crescendo mais do que as importações.

Haddad pede para "vender otimismo" e critica previsões que "não se confirmam"

Hoje, durante a 6ª reunião plenária do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável (CDESS), o Conselhão, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad afirmou que o governo tem conquistado avanços que justificam uma postura mais otimista — sem deixar de reconhecer desafios.

Ele disse que críticas são bem-vindas — “a gente vai tentando melhorar o trabalho da gente” —, mas que também é preciso transmitir confiança para mobilizar Congresso, Judiciário, empresários e consumidores. Citando a empresária Luiza Trajano, afirmou que é necessário “vender um pouco de otimismo”.

— Pra gente ter força de avançar, convencer congresso, judiciário, ministros, governo, empresários, os consumidores, a gente tem que fazer um pouco do que a Luiza (Trajano) ensina para todos nós, que é vender um pouco de otimismo — disse.

O ministro ainda comentou que muitas previsões econômicas feitas por analistas “reiteradamente não se confirmam”, afirmando que é preciso “caprichar mais” nas estimativas.

Haddad encerrou dizendo que o governo chega ao fim do ano “satisfeito com muita coisa, insatisfeito com outras”, mas com a segurança de que está entregando “um balanço muito significativo”.

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