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Funcionários do Nubank pedem manutenção do home office e exigem recontratação dos demitidos

Instituição anunciou mudança no modelo de trabalho, que está causando insatisfação entre empregados, diz sindicato dos bancários

Nubank: funcionários divulgam manifesto contra mudança no modelo de trabalho remoto Nubank: funcionários divulgam manifesto contra mudança no modelo de trabalho remoto  - Foto: Nubank/Divulgação

Em plenária virtual promovida pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo, funcionários do Nubank divulgaram um manifesto repudiando o fim unilateral do modelo remoto de trabalho anunciado semana passada pela instituição e a imposição do trabalho presencial a partir de 2026.

O grupo também criticou as demissões 'retaliatórias' de 14 funcionários, por justa causa, que manifestaram descontentamento com a decisão. Segundo o texto, não houve qualquer negociação prévia para a mudança e eles pedem a reversão da decisão.

"Viemos exigir a reversão (da mudança do modelo de trabalho) com abertura de negociação entre a empresa, seus trabalhadores e a representação sindical. Fim da punição e recontratação imediata de todos os demitidos por expressarem de forma justa a sua indignação por tamanho impacto nas nossas vidas e nosso trabalho", diz o texto.

A plenária aconteceu na noite de quarta-feira e reuniu, segundo o sindicato, cerca de 300 pessoas. O texto do manifesto representa diversas empresas do grupo, entre elas Nu Asset, Nu Commerce, Nu Crypto, Nu Financeira, Nu Invest, Nu Pagamentos, Nu Pay, Nu Signals, Nu Tech e Olivia) e de todos os países onde o Nubank atua (Brasil, Colômbia e México).

O Nubank contesta a versão de retaliação nas demissões e afirma que os desligamentos foram motivados por comportamentos considerados inadequados desses funcionários durante a reunião em que as mudanças foram apresentadas. Outros dois funcionários foram demitidos por tentarem sabotar sistemas internos da instituição. Sobre o manifesto, o Nubank "esclarece que mantém um diálogo aberto e transparente com todas as entidades representativas apropriadas".

A instituição anunciou, na semana passada, que a presença nas unidades do banco digital passará a ser obrigatória em dois dias por semana a partir de 1º de julho de 2026 e em três dias até 1º de janeiro de 2027. Atualmente, os empregados precisam comparecer presencialmente apenas uma semana por trimestre. A mudança deve atingir cerca de 70% do quadro de pessoal, estimado em 9,5 mil trabalhadores.

Mudanças não foram negociadas, diz manifesto
No manifesto, os funcionários afirmam que as mudanças foram decididas "em total contraste com o discurso de valorização de feedbacks, diversidade e autonomia. O Nubank reagiu com punição aos trabalhadores e trabalhadoras que se opuseram ao novo regime de trabalho. Oficialmente, 14 demissões por justa causa - um número inédito e alarmante - somadas a diversas advertências diante de reivindicações legítimas, a gestão escolheu a punição em vez do diálogo com os trabalhadores", diz o texto.

O texto lembra que o Nubank cresceu de 25 milhões para mais de 100 milhões de clientes, superando R$ 20 bilhões de lucro líquido acumulado entre 2024 e 2025, e que esse resultado é "fruto do trabalho de equipes remotas, diversas e comprometidas, que entregaram crescimento, inovação e eficiência à distância em um modelo de trabalho que já contempla períodos presenciais de uma semana a cada três meses".

No manifesto, os trabalhadores escreveram que "é inaceitável que tamanha mudança seja imposta sem diálogo e sem apresentar qualquer dado, evidência ou justificativa objetiva, ignorando a opinião de mais de 90% da empresa. O que se vê é uma decisão arbitrária, insensível e sem base empírica, que ameaça o nosso bem-estar, a diversidade e confiança que sustentam nossa cultura e afeta profundamente nossas vidas, famílias e estabilidade financeira", diz o texto.

Os trabalhadores defendem que o trabalho remoto não reduz a produtividade. E enfatizem que cuidadores familiares (especialmente mulheres), pessoas com deficiência e neurodivergentes "são ainda mais afetadas por essas mudanças, causando impacto no seu desempenho profissional e qualidade de vida". E que deslocar trabalhadores para grandes centros como São Paulo e Rio de Janeiro implica em uma perda de renda real e na qualidade de vida dos trabalhadores.

Insatisfação é geral, diz sindicato
Segundo o sindicato, os relatos dos trabalhadores são unânimes em relação à insatisfação com a mudança de regime de trabalho. A entidade lembra que muitas pessoas foram para o Nubank com a promessa de trabalho remoto. A entidade lembra que a mudança não foi negociada com o Sindicato. Na mesma data em que foi anunciada aos trabalhadores, a direção do Nubank se reuniu com o Sindicato e apresentou a sua decisão, comprometendo-se a realizar reuniões periódicas com a entidade.

"O Sindicato deixa claro que não aceitará retaliação por conta de manifestações dos trabalhadores pelo descontentamento com o fim do modelo 100% home office. É uma mudança grave, que precisa de diálogo. Os trabalhadores têm que ser ouvidos", diz a entidade.

A secretária-geral do Sindicato, Lucimara Malaquias, alertou que a entidade é um espaço com canais seguros para denúncias e reclamações, de expressar a indignação, são os canais do Sindicato.

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