Galípolo nega desconforto com meta de inflação de 3%: "Essa não é uma discussão"
Presidente do BC ressaltou que vê Brasil como ponto fora da curva no debate sobre os juros
O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, negou nesta terça-feira (29) haver desconforto com a meta de 3% para inflação. Esse alvo precisa ser perseguido pelo BC e o índice de preços pode variar entre 1,5% e 4,5%.
— Não, a agente não tem nenhum tipo de desconforto com a meta de 3%, acho que o BC está fazendo seu caminho para perseguir a meta de 3%. Essa não é uma discussão — afirmou, durante entrevista sobre o Relatório de Estabilidade Financeira.
A partir deste ano, a meta de inflação é contínua, e não mais por ano-calendário. O índice é apurado considerando o acumulado em 12 meses. Se o acumulado ficar fora do intervalo por seis meses consecutivos, a meta é considerada descumprida.
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O BC sobe e desce os juros, hoje em 14,25%, para perseguir a meta de inflação. Ela é definida pelo Conselho Monetário Nacional, formado pelo próprio BC e pelos ministros da Fazenda e do Planejamento.
— Acho que é normal que num momento de aperto da política monetária a gente consiga enxergar um maior esforço aí impondo, no ponto de vista de resultados, de custo financeiro, que é um mecanismo natural.
Para o presidente do BC, o debate sobre a meta de 3% não é uma “discussão”, principalmente quando se é comparada com outros países.
— A gente não vê nenhum tipo de outlier (ponto fora da curva), o Brasil ser algo fora do normal, do ponto de vista de meta de 3% — ressaltou ele.
O ponto que de divergência, na sua visão, seria que o Brasil convive com taxas de juros “relativamente mais elevadas” e ainda assim segue tendo um dinamismo forte na economia, “mesmo em níveis de juros que, para outras economias, representariam um patamar bastante restritivo”.

