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Gol vai abrir processo competitivo para receber financiamento para sair da recuperação judicial

Procedimento terá início em junho e pode se estender até o fim de 2024, podendo receber propostas de investidores, empresas e credores da companhia

GolGol - Foto: Reprodução/ Facebook

A Gol vai dar início a um processo competitivo de financiamento para viabilizar sua saída do Chapter 11, processo similar ao da recuperação judicial brasileira, iniciado no fim de janeiro nos Estados Unidos, permitindo ofertas vindas de investidores e credores. A abertura desse processo deve ocorrer já no início de junho, podendo se estender até o fim do terceiro trimestre deste ano ou adentrar pelo quarto.

A medida consta do Plano de 5 anos, um plano financeiro divulgado nesta segunda-feira pela Gol e que funcionará como a base para a apresentação do plano de reestruturação da empresa. Esse processo de reorganização terá duas frentes de financiamento, explica a companhia em comunicado. Um deles será o refinanciamento de um total de US$ 2 bilhões da dívida de longo prazo. O outro previsto é uma injeção de cerca de US$ 1,5 bilhão de novo capital por meio da emissão de novas ações. Os termos para que esse processo seja realizado ainda não estão definidos.

Está decidido, contudo, que nesse processo serão avaliadas propostas de financiamento que permitam a saída da Gol do Chapter 11 e “quaisquer operações alternativas viáveis e competitivas, incluindo oportunidades apresentadas por potenciais fontes de capital próprio e de dívida". Ou seja, a companhia poderá receber aportes ou ser alvo de propostas de investidores e credores. A realização de transações nesse sentido dependerão da aprovação do Tribunal de Falências americano.

Na semana passada, Gol e Azul anunciaram um acordo comercial de compartilhamento de voos (codeshare), válido para voos domésticos em rotas operadas sempre por uma das companhias, e não pela outra. Esse acordo também inclui os programas de milhagem das duas aéreas, permitindo que membros do Azul Fidelidade e do Smiles acumulem pontos ou milhas no programa de sua escolha ao comprar os trechos inclusos no codeshare.

O acordo levantou novas suposições no mercado de que as duas empresas podem estar caminhando para uma fusão. Há um par de meses, foram noticiados planos da Azul de adquirir a concorrente, os detalhes dessa proposta, contudo, não são conhecidos.

Base financeira para sair da recuperação
Celso Ferrer, CEO da empresa, avalia o Plano de 5 anos como um “marco importante” na reestruturação da companhia. “Com um plano claro em vigor, podemos começar a nos preparar para iniciar em breve o processo competitivo de financiamento para a saída do Chapter 11 como um meio de garantir que a GOL tenha a base financeira mais forte possível após nossa saída do Chapter 11”, diz o executivo no comunicado da empresa.

Até aqui, a Gol obteve autorização do Tribunal de Falência dos EUA para receber um aporte de até US$ 1 bilhão, sendo feito em tranches e vindo por meio de um empréstimo na modalidade DIP feito por detentores de títulos do Abra Group, que controla a Gol e a colombiana Avianca.

A primeira parcela desses recursos foram usadas diretamente em despesas de curto prazo e para manutenção de motores e aeronaves paradas, de forma a ampliar a produtividade da frota da companhia.

“Renegociamos com sucesso os acordos com nossos arrendadores para a maioria substancial de nossas aeronaves e estamos seguindo nosso plano estratégico de investir em nossos motores e aumentar o tamanho da frota operacional e de nossa capacidade, mantendo alta produtividade e eficiência operacional.

Encolher para voltar a crescer
Com uma frota de 142 aviões ao fim do primeiro trimestre deste ano, a Gol informou ter alcançado acordo com arrendadores para 113 aeronaves e 48 motores sobressalentes. Agora, a empresa aérea negocia pacotes que cubram o restante dos aviões de sua frota.

O acordo com os lessors (como são chamados os arrendadores de aeronaves) funcionará como apoio financeiro para que a Gol recupere “todos os motores necessários para reconstruir sua capacidade para níveis consistentes com o Plano de 5 Anos”. Uma das metas é recompor a capacidade doméstica aos níveis pré-pandemia até 2026.

Na prática, isso quer dizer que, com as revisões de motores, a capacidade da companhia para este ano ficará “temporariamente” abaixo da registrada em 2023, o que vai impactar o Ebitda, indicador de geração de caixa, da Gol. A previsão é que essa capacidade esteja reestabelecida a partir de 2025. Em paralelo, a Gol afirma ter recebido aprovação para financiar a entrega de aviões e motores para receber novos Boeing 737 Max ao longo do processo de reestruturação.

A estimativa é que o Ebitda da companhia, que usa como referência um percentual da receita da Gol, recue para 23% este ano, ante 27% em 2023. De acordo com o plano, a estimativa é que essa taxa vá se recuperando e fique em torno de 34% em 2029. Para fazer isso, a companhia irá implementar um plano anual de melhora de resultado de cerca de R$ 1 bilhão, “que permitirá a Gol manter uma vantagem competitiva sobre seus pares no custo unitário”, diz o comunicado, sem detalhar como isso será feito.

Pagamento de empréstimo
O foco é obter fazer um aumento de capital no valor de US$ 1,5 bilhão, montante que será utilizado para quitar o financiamento DIP e também usado para reforçar a capacidade da empresa de fazer frente a seus compromissos financeiros.

A companhia alertou que o plano de recuperação judicial deverá trazer um desconto substancial ao pagamento de créditos sem garantia. E que o Código de Falências dos EUA determina que esses créditos sejam pagos na frente, frisando que é “altamente provável” que as ações da companhia existentes tenham “valor mínimo” ao fim do processo. Assim, investir nesses paéis implica em “risco significativo”, diz o comunicado.

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