Sáb, 06 de Dezembro

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TECNOLOGIA

Google pede ao Departamento de Justiça de Trump que reverta decisão de dividir a empresa

Em novembro, governo de Joe Biden pediu que a gigante de buscas vendesse seu navegador Chrome

A divisão de busca do Google registrou um faturamento de US$ 54,03 bilhões no quarto trimestreA divisão de busca do Google registrou um faturamento de US$ 54,03 bilhões no quarto trimestre - Foto: Josh Edelson/AFP

O Google está pressionando autoridades do Departamento de Justiça do presidente Donald Trump para que desistam da proposta de dividir a empresa de buscas, citando preocupações com a segurança nacional, segundo fontes próximas às negociações.

Representantes da Alphabet, controladora do Google, pediram ao governo em uma reunião na semana passada que adotasse uma abordagem menos agressiva, enquanto os EUA tentam encerrar o que um juiz considerou um monopólio ilegal de buscas on-line, disseram as fontes, que pediram anonimato ao discutir deliberações privadas.

A administração de Joe Biden havia solicitado em novembro que o Google vendesse seu navegador Chrome e realizasse outras mudanças, incluindo o fim de bilhões de dólares em pagamentos exclusivos para empresas como a Apple.

Embora o Google já tenha se oposto ao plano de Biden, as discussões recentes indicam como a empresa pretende lidar com o caso sob o governo Trump. Um juiz federal deve decidir nas próximas semanas como a empresa deverá modificar suas práticas. Ambas as partes devem apresentar suas propostas finais na sexta-feira.

"Nos reunimos regularmente com reguladores, incluindo o Departamento de Justiça, para discutir esse caso", disse Peter Schottenfels, porta-voz do Google, em um comunicado. "Como já dissemos publicamente, estamos preocupados que as propostas atuais prejudiquem a economia americana e a segurança nacional."

Um porta-voz do Departamento de Justiça se recusou a comentar.

Monopólio ilegal
Em uma decisão histórica em agosto passado, um juiz federal determinou que o Google monopolizou ilegalmente os mercados de busca e publicidade em buscas. A tentativa do governo Biden de dividir a empresa foi a primeira desse tipo em Washington desde a fracassada tentativa de separação da Microsoft há duas décadas.

Na reunião da semana passada, representantes do Google argumentaram que a importância da empresa para a economia e a segurança nacional dos EUA exige uma abordagem mais moderada, disseram as fontes. No entanto, não apresentaram ameaças específicas causadas pelas mudanças propostas pelo Departamento de Justiça.

Em novembro, o Departamento de Justiça pediu ao juiz distrital Amit Mehta, em Washington, que obrigasse o Google a vender o navegador Chrome, licenciar seus dados para concorrentes, proibir pagamentos à Apple e outras empresas para pré-instalar o mecanismo de busca e restringir investimentos em empresas de inteligência artificial (IA).

Os argumentos do Google sobre segurança nacional são semelhantes às declarações recentes do presidente Donald Trump e do vice-presidente JD Vance, que pressionaram reguladores da União Europeia para que aliviem a regulamentação sobre gigantes da tecnologia dos EUA. No mês passado, a Casa Branca criticou duas leis digitais europeias, o Digital Markets Act e o Digital Services Act, afirmando:

"A economia americana não será uma fonte de receita para países que falharam em cultivar seu próprio sucesso econômico."

Em 2022, o Google e outras grandes empresas de tecnologia como Meta, Amazon e Apple se opuseram a um projeto de lei antitruste que exigiria a abertura de suas redes para concorrentes. Elas argumentaram que isso faria o setor de tecnologia dos EUA perder espaço para a China.

Investimentos em IA e decisões pendentes
O procurador-geral assistente interino para Antitruste, Omeed Assefi, tomará a decisão final sobre a recomendação do Departamento de Justiça ainda esta semana. Assefi está comandando a divisão antitruste até que Gail Slater, indicada por Trump, seja confirmada pelo Senado. O Comitê Judiciário aprovou sua indicação por 20 votos a 2, mas ainda não há data para a votação no plenário.

Entre as mudanças em análise, o Departamento de Justiça discute se as restrições aos investimentos do Google em IA devem ser aplicadas retroativamente ou apenas a partir de agora, segundo fontes. Pelo plano atual, o Google precisaria desfazer seus investimentos em empresas como a Anthropic, conforme informou a Bloomberg.

Nas últimas semanas, ambas as partes vêm se preparando para as audiências de abril, incluindo um depoimento do CEO do Google, Sundar Pichai, a advogados do governo. Liz Reid, chefe de busca do Google, também será interrogada esta semana. Funcionários da Microsoft, OpenAI e Perplexity AI já prestaram depoimentos nos últimos dias.

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