Governador de SP busca abertura do mercado japonês aos produtores de carne bovina de São Paulo
Cônsul do Japão esteve com Tarcísio de Freitas, além de representantes de frigoríficos, para discutir o assunto
Sem ter entrado na lista de isenções do tarifaço de Donald Trump, buscar novos mercados tem sido uma alternativa aos produtores de carne bovina. Em São Paulo, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, iniciou conversas para tentar negociar a abertura do mercado japonês para os produtores de carne do estado.
O setor estima um prejuízo de US$ 1 bilhão para o país com a tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos.
Ontem, ele se reuniu com o vice-cônsul do Japão em São Paulo, Tomu Shimizu, além de representantes de frigoríficos para discutir o assunto. Foi uma primeira aproximação para mostrar que os frigoríficos paulistas prezam pela rastreabilidade da carne, desde a origem do produto. Além disso, o estado está próximo ao porto de Santos, por onde a carne é escoada, o que facilitaria a logística da operação.
— Além disso, a carne do gado criado em confinamento agrada mais aos japoneses do que o gado a pasto — disse deputado estadual Lucas Bove (PL) que fez a aproximação com o cônsul japonês e atua em pautas do agronegócio.
O deputado Bove já tinha promovido um encontro entre o cônsul, de quem é amigo, e o secretário de Agricultura e Abastecimento de São Paulo, Guilherme Piai.
O cônsul também visitou um frigorífico na cidade de Promissão para atestar a qualidade da produção paulista, disse o deputado.
A Secretaria de Agricultura e Abastecimento informou que mantém diálogo constante com o consulado do Japão em São Paulo para viabilizar a abertura do mercado japonês à carne bovina paulista.
"Está em negociação a vinda de uma missão técnica japonesa ao estado, com visitas a propriedades e confinamentos previstas ainda neste semestre.
O objetivo é ampliar as exportações e gerar novas oportunidades aos produtores do estado", informou a secretaria em nota.
Brasil livre de febre aftosa
O Brasil foi declarado livre da febre aftosa pela Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) em maio deste ano. Mesmo assim, a abertura de um novo mercado, especialmente para um produto como carne, leva tempo.
O Brasil, maior exportador mundial de carne bovina, tenta há duas décadas entrar no mercado japonês, sem sucesso, devido a restrições sanitárias, principalmente relacionadas à febre aftosa. O Japão exige critérios sanitários rigorosos e, inicialmente, prioriza a negociação com estados brasileiros livres de febre aftosa sem vacinação. O Brasil seria uma alternativa de fornecedor a países como Austrália e o próprio Estados Unidos. O Japão importa 700 mil toneladas do produto por ano.
Na esfera federal, o Ministério da Agricultura e Pecuária também tenta abertura no mercado japonês, focado principalmente nos frigoríficos do Sul, estados que foram os primeiros a ficar livre da febre aftosa.
Depois da visita do presidente ao país este ano, as conversas foram iniciadas. O setor espera avanços nas tratativas do governo federal ainda neste ano.
Havia a expectativa de que produtores de todo o país fossem incluídos nas negociações para a abertura do mercado japonês. Mas segundo fontes ligadas ao setor, o processo documental da região Sul comprovando que a região está livre da febre aftsosa está mais avançado do que o restante do país.
A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) enviou um ofício ao Ministério da Agricultura pedindo agilidade nas negociações e que elas sejam focadas na aprovação de frigoríficos de todo o país para exportar para o Japão.

