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CRISE NOS CORREIOS

Haddad afasta privatização dos Correios e diz que Tesouro só dará aval a empréstimo com plano

Ministro afirma que estatal precisa aliar serviços postais com outras funções para retomar sustentabilidade, mas argumenta que governos não abrem mão de serviço postal

Fachada dos CorreiosFachada dos Correios - Foto: Júnior Soares/Folha de Pernambuco

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nessa quarta-feira (26) que o governo do presidente Lula não debate a privatização dos Correios, mesmo diante da maior crise da estatal, que busca um empréstimo bilionário para reforçar o caixa.

Segundo ele, o Tesouro Nacional só dará aval a esse financiamento caso a empresa apresente um plano de reestruturação “consistente”.

"Não vejo debate dentro do governo sobre privatizar os Correios. Não vejo nenhum ministro propondo isso. Até porque fizemos um levantamento recente sobre a situação dos serviços postais no mundo: é muito difícil o Estado abrir mão desses serviços, até porque parte deles é subsidiada para garantir a universalização", disse o ministro à GloboNews.

A privatização dos Correios foi cogitada no governo de Jair Bolsonaro. A estatal chegou a ser inscrita num programa nacional de desestatização, mas o plano não foi adiante.

Segundo Haddad, o desejo do governo é buscar a experiência de outros países, que têm agregado os serviços postais a outras funções (financeiras, previdenciárias, secundárias) para garantir a sustentabilidade do serviço postal universal, como o que é garantido pelos Correios.

"É isso que estamos discutindo com a nova diretoria", completou.

Estatal precisa de ao menos R$ 10 bi
Diante de uma crise sem precedentes em sua história, os Correios correm contra o tempo para conseguir um empréstimo de ao menos R$ 10 bilhões no curto prazo. No curto prazo, a cúpula da estatal espera ao menos este montante para reequilibrar as contas, pagar dívidas em atraso e colocar de pé um plano de reestruturação que permita sua sustentabilidade no médio e longo prazo.

O Tesouro Nacional deve atuar como avalista desta operação. Ou seja, caso os Correios não consigam pagar, o órgão deve honrar com os compromissos de pagamento do empréstimo.

"O que nós falamos é o seguinte: qualquer solução para esse caso vai passar necessariamente por um plano de reestruturação. Não há como o Tesouro Nacional pensar em algo que não passe por um plano de reestruturação aprovado pelo Tesouro Nacional, que é de quem se pede o aval justamente para conseguir viabilizar financeiramente esse plano"

O ministro frisou que uma eventual atuação do Tesouro, cuja secretaria é subordinada ao Ministério da Fazenda, como garantidor de empréstimo só será aprovada se o plano de reestruturação da empresa "for apresentado de maneira consistente".

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