Seg, 15 de Dezembro

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Tarifaço

Haddad nega retaliação aos EUA via controle de dividendos, mas Planalto avalia resposta

Mesmo com negativa pública, governo analisa medidas caso tarifaço de Trump entre em vigor em agosto

Haddad, Ministro da FazendaHaddad, Ministro da Fazenda - Foto: Washington Costa/MF

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, descartou neste sábado (19) a adoção de medidas mais rígidas de controle sobre remessas de dividendos como forma de retaliação aos Estados Unidos, caso fracassem as negociações bilaterais sobre o tarifaço de 50% imposto por Donald Trump a produtos brasileiros.

“O governo brasileiro não cogita essa medida”, afirmou Haddad ao Estadão/Broadcast.

Apesar da declaração, interlocutores do governo confirmaram que o Palácio do Planalto estuda possíveis reações caso as sanções avancem. Entre elas, está uma maior fiscalização sobre as remessas de lucros de multinacionais americanas no Brasil.

Segundo fontes ouvidas pela reportagem, há divergências no comitê interministerial responsável pelas tratativas sobre qual deve ser o tom da resposta. A Fazenda teme que uma medida nesse sentido afaste investimentos, ao passo que uma ala mais política defende reação firme para que os Estados Unidos entendam que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não aceitará agressões à soberania nacional.

Possibilidades 

O Planalto já trabalha com a possibilidade de novas sanções por parte dos EUA após a operação da Polícia Federal que atingiu Jair Bolsonaro (PL) na sexta-feira (18). O ex-presidente foi obrigado a usar tornozeleira eletrônica por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Coordenador do comitê interministerial e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, o vice-presidente Geraldo Alckmin minimizou qualquer relação entre a operação da PF e o endurecimento comercial. “A separação dos Poderes é a base do Estado, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos. Os poderes são independentes. Não há relação entre uma questão política ou jurídica e a tarifária”, disse.

Ainda na sexta, o secretário de Estado norte-americano Marco Rubio anunciou a revogação dos vistos de Moraes, de seus familiares e “aliados” na Corte. Outros sete ministros do STF também tiveram os vistos cancelados.

O episódio acentuou a percepção do governo de que a sobretaxa aplicada pelos EUA tem motivação política. Técnicos iniciaram uma radiografia da relação comercial com os norte-americanos para preparar possíveis reações, caso Trump mantenha ou endureça as restrições a partir de 1º de agosto.

Segundo apurou o Estadão/Broadcast, o arsenal de resposta cogitado pelo Planalto inclui medidas como a quebra de patentes de medicamentos. No entanto, a prioridade do governo, neste momento, é esgotar as vias diplomáticas antes de adotar qualquer retaliação. Uma resposta mais dura só será definida a partir de 2 de agosto, se as negociações não avançarem.

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