Intervenção no Banco Master é a maior já feita no sistema financeiro brasileiro
Banco Central decreta liquidação de parte do conglomerado Master, que detém R$ 86,396 bilhões em ativos
A intervenção do Banco Central (BC) no conglomerado que inclui o Banco Master é a maior do tipo já registrada no país. O tamanho do banco, o volume de dinheiro movimentado e o risco para os clientes superam todas as crises bancárias anteriores — inclusive as mais famosas, como as do Bamerindus, Nacional e Econômico, nos anos 1990.
O BC decidiu pela intervenção do Banco Master S.A., colocando a instituição em liquidação extrajudicial, um regime em que o banco para de operar e um administrador assume a tarefa de vender seus bens para tentar pagar dívidas. Já o Banco Master Múltiplo, outra empresa do grupo, foi colocado sob administração especial temporária, ou seja, continua funcionando, mas sob controle direto do BC.
Segundo dados oficiais, o conglomerado tinha R$ 86,396 bilhões em ativos — o maior volume de recursos já envolvido em um processo de liquidação na história do sistema financeiro brasileiro.
Além disso, o banco acumulava R$ 62,2 bilhões em depósitos que poderiam ser cobertos pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC), que funciona como um “seguro” para clientes em casos de quebra. O FGC só cobre até R$ 250 mil por pessoa, mas nunca antes teve de lidar com um volume tão grande de depósitos sob risco ao mesmo tempo.
Nos últimos 30 anos, o FGC precisou atuar em 40 quebras bancárias — nenhuma, porém, chegou perto da escala do Master. Por isso, a intervenção já é considerada a maior da história do sistema financeiro nacional.
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As maiores intervenções bancárias da história do Brasil
1. Conglomerado Banco Master — 2025
R$ 86,396 bilhões em ativos
R$ 62,2 bilhões em depósitos elegíveis ao FGC
Um banco liquidado + outro sob intervenção
2. Banco Bamerindus — 1997
R$ 3,7 bilhões pagos na época (R$ 19,6 bilhões em valores atualizados).
Banco foi vendido ao HSBC
3. Banco Nacional — 1995
Uma das maiores fraudes da história bancária brasileira
Rombo bilionário e forte risco sistêmico após o Plano Real
4. Banco Econômico — 1995
Quebra simultânea ao Nacional, afetando confiança no sistema.
Demorou anos para ser finalizado
5. Banco PanAmericano — 2010
Maior “resgate” financeiro da história recente sem liquidação
Rombo de R$ 2,5 bilhões coberto pelo FGC e pelo Grupo Silvio Santos
6. Banco Santos — 2004
Grande caso de má gestão e fraudes
Aproximadamente R$ 10 bilhões em ativos na época
7. Banco Rural — 2013
Problemas financeiros e envolvimento em escândalos políticos
Acabou liquidado pelo BC

