Ministério da Fazenda diz que desaceleração do PIB era esperada
Serviços lideram expansão trimestral, enquanto consumo e investimento desaceleram
A Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda divulgou nesta terça-feira que o crescimento da economia brasileira no segundo trimestre de 2025 desacelerou, mas dentro do esperado pelo governo. Segundo a análise da SPE, o desempenho mais fraco reflete principalmente a moderação do consumo interno e dos investimentos, enquanto o setor externo contribuiu positivamente para o resultado.
De acordo com o IBGE, o PIB avançou 0,4% em relação ao trimestre anterior, bem abaixo do ritmo de 1,4% registrado no início do ano. Na comparação anual, a economia cresceu 2,2% em relação ao segundo trimestre de 2024, desacelerando em relação ao trimestre anterior (2,9%). O acumulado em quatro trimestres mostra crescimento de 3,2%, frente a 3,5% no trimestre anterior.
Setores produtivos: surpresas e destaques
Segundo a SPE, os serviços foram o setor que mais contribuiu para o crescimento trimestral, avançando 0,6%, com destaque para comércio e atividades imobiliárias. Por outro lado, transporte e serviços públicos tiveram desempenho abaixo do esperado.
A indústria cresceu 0,5% na margem, puxada pela recuperação da indústria extrativa, como mineração, petróleo e gás, mas prejudicada pela queda na produção de eletricidade e gás. Já a agropecuária registrou leve recuo de 0,1%, menor que o previsto, mas manteve crescimento elevado na comparação anual, de 10,1%, impulsionado pelas safras de grãos e pela pecuária.
Demanda interna e investimentos
A SPE aponta que o consumo das famílias cresceu 0,5% no trimestre, desacelerando frente ao primeiro trimestre, principalmente devido à redução no consumo de bens duráveis e ao ritmo mais lento de expansão da renda e do crédito.
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Os investimentos também apresentaram queda, com a formação bruta de capital fixo (FBCF) recuando 2,2%, interrompendo seis trimestres consecutivos de crescimento. A taxa de investimento caiu de 17,8% para 16,8% do PIB, refletindo menor aplicação em construção, máquinas e equipamentos.
Comércio exterior ajuda a sustentar o PIB
O setor externo foi um fator positivo no segundo trimestre, contribuindo com 0,7 ponto percentual para o crescimento, após resultado negativo no trimestre anterior. Essa contribuição veio principalmente da queda de 2,9% nas importações, enquanto as exportações avançaram apenas 0,7%, desacelerando frente ao trimestre anterior.
Perspectivas e contexto
Para o terceiro trimestre, a SPE projeta ritmo de crescimento ligeiramente inferior ao do segundo trimestre. O governo ressalta que, apesar da desaceleração nas concessões de crédito e do aumento das taxas de juros, o mercado de trabalho permanece resiliente, sustentando o consumo e beneficiando o pagamento de precatórios e a expansão do crédito consignado.
A SPE e o Banco Central destacam que a desaceleração faz parte da estratégia de controle da inflação, que atualmente tem meta de 3%, e que a economia continua operando acima de seu potencial, sem gerar pressões inflacionárias excessivas.

