Mobly recusa oferta de fundadores da Tok&Stok; e diz que proposta é "inviável"
Companhia diz que acionistas que detêm 40% do capital se opõem aos termos do plano dos Dubrule
Dias após proposta da família Dubrule para comprar o controle da Mobly, a companhia afirma que acionistas que somam 40% do capital social já se manisfestaram contra os termos da proposta divulgada pelos fundadores da Tok&Stok. Tampouco estariam dispostos a votar pela exclusão da “poison pill” que consta do estatuto da empresa e que abriria caminho para a aquisição.
Isso impediria, de acordo com fato relevante divulgado ao mercado pela Mobly nesta quarta-feira, que os Dubrule levassem ao menos 69,2% da companhia por meio de uma oferta pública de compra de ações (OPA). Também os valores apresentados para a compra dos papeis, com um desconto superior a 50% por ação, foi destacado como fator impedidito. A Mobly classificou que a “proposta parece ser de plano inviável”.
As ações da Mobly fecharam cotadas a R$ 1,39 na última sexta-feira. No ano, os papeis acumulam queda de 7,33%.
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De janeiro a novembro de 2024, a Mobly registrou um prejuízo de R$ 58,7 milhões. Os resultados do último trimestre do ano ainda não foram apresentados.
Sem plano de capitalização
Em agosto do ano passado, após um par de anos de negociações, a Mobly — que tem como principal acionista a alemã Home 24 — fechou um acordo com a SPX (antigo Carlyle no Brasil) para fazer a fusão da empresa com a Tok&Stok. Os Dubrule, que venderam o negócio ao SPX em 2012, se opunham à transação, mas não detinham poder de veto.
Pela atual composição acionária da companhia, a Home 24 detém 44,38% do capital, enquanto a SPX ficou com 13,04%. Outros 11,9% estão com a CTM Investimentos.
Na última sexta-feira, dia 28, Régis Alain Dubrule, Ghislaine Thérèse Dubrule e Paul Dubrule apresentaram uma carta ao Conselho de Administração da Mobly com o plano de fazer uma oferta pública pelo controle da companhia, levando ao menos 85 mil ações ou até a totalidade do capital social. Eles afirmam deter, em conjunto com outros titulares, 39% das ações da Tok&Stok.
O fato relevante diz ainda que não há planos de capitalização da companhia neste momento, e que a Mobly “segue focada na implementação da estratégia de negócios e na captura de sinergias decorrentes da aquisição do controle da Tok&Stok”. Na proposta apresentada pelos Dubrule, consta que a eventual OPA poderia ter valores ajustados em caso de capitalização da companhia.
Mudança de estatuto
Um dos pontos a ser vencido para que a proposta possa caminhar é uma alteração do estatuto da Mobly a ser aprovada em assembleia de acionistas, excluindo a “poison pill”. Trata-se de uma cláusula usada para evitar que a companhia seja alvo de ofertas de aquisição hostis mirando na compra do controle acionário.
Essa cláusula é acionada em casos como quando a oferta oferecida tem preço abaixo dos apresentados pela empresa, por exemplo. É uma forma de proteger de perdas, sobretudo, os acionistas minoritários. Quando acionada, a cláusula obriga o investidor interessado em obter o controle da companhia a fazer uma oferta pública comprando todas as ações da companhia em mercado, além de pagar um prêmio a seus acionistas.
Da proposta feita pelos fundadores da Tok&Stok, porém, não consta um prêmio, mas um desconto. A oferta prevê um preço de R$ 0,68 por ação, que seria pago à vista. Como eles se comprometem a adquirir no mínimo 85 milhões de ações, caso a oferta se concretize, comprariam o controle da companhia por cerca de R$ 58 milhões. O valor de mercado da Mobly hoje é de R$ 170,64 milhões, de acordo com dados da B3.
A Mobly informa no fato relevante que o valor proposto pelos Dubrule representa desconto de 51% sobre a cotação de fechamento da ação na última sexta-feira e de 53% sobre o preço médio dos últimos 30 pregões (R$ 1,44). Na comparação com o valor patrimonial do papel registrado em 30 de setembro de 2024, esse desconto alcança 82%.

