Pacote de compensação ao tarifaço deve ficar para próxima semana
Ministérios estão fazendo revisão para ter certeza que medidas vão beneficiar apenas empresas realmente afetadas
O anúncio do pacote de compensação do governo ao tarifaço imposto pelos Estados Unidos a produtos brasileiros deve ficar para a próxima semana. Segundo integrantes de dois dos ministérios envolvidos na elaboração das medidas, não haverá tempo de concluir o trabalho até sexta-feira.
Por isso, a expectativa é que a apresentação das medidas só ocorra no começo da semana que vem. No momento, as equipes da Fazenda, da Casa Civil e da pasta de Indústria e Comércio estão fazendo os cálculos dos impactos que o pacote trará aos cofres públicos.
Ao mesmo tempo, técnicos estão conferindo novamente se as medidas realmente vão alcançar todas as empresas que serão afetadas pela taxa de 50% para exportação. A verificação visa também encontrar eventuais brechas que permitam que empresas não atingidas se beneficiem.
A sobretaxa, a maior aplicada pelo presidente Donald Trump a um país, vai atingir 35,9% das exportações enviadas ao EUA e afetar produtos-chave da pauta comercial, como carne, café e frutas.
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A ideia do governo é focar o pacote de compensação no socorro aos setores mais afetados no Brasil, especialmente o agronegócio. Parte do plano de contingência deve envolver um programa para compra governamental de produtos que seriam escoados para os Estados Unidos, principalmente de perecíveis, como pescados, frutas e mel. O Executivo pediu aos setores afetados uma lista com a mercadoria que deve “sobrar” e o preço que seria necessário para viabilizar a compra.
Em outra frente, o Ministério da Agricultura estuda aumentar a exigência de produtos naturais na fabricação de sucos, iogurtes e sorvetes industrializados.
O pacote deve prever ainda uma linha de crédito viabilizada pelo BNDES para pecuaristas e agroindústrias, com juros subsidiados pelo Tesouro. O plano é financiar capital de giro e abertura de mercados alternativos.
Segundo técnicos, a medida indica que garantias entre R$ 1,5 bilhão e R$ 2 bilhões seriam suficientes para estimular até R$ 20 bilhões em empréstimos do banco de fomento e do setor privado para as empresas afetadas.
A nova linha de crédito teria uma carência e prazo alongado de pagamento. Como o BNDES opera em parceria, a verba é direcionada a vários agentes financeiros para viabilizar a tomada do crédito.
Também está nos planos um programa temporário de redução temporária de jornadas e salários, com compensação da perda de remuneração

