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BRASIL

Relator aumenta tributação de bets, fintechs e JCP em projeto que prevê corte de incentivos fiscais

Governo tenta conseguir aprovação de texto antes de votação do Orçamento de 2026

Plenário da Câmara dos DeputadosPlenário da Câmara dos Deputados - Foto: Kayo Magalhães/Câmara dos Deputados

O texto do projeto de lei que corta em 10% parte dos incentivos fiscais prevê o aumento da tributação de bets, fintechs e o juro sobre capital próprio (JCP). As medidas foram incluídas no relatório apresentado pelo deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) com o objetivo de garantir ao menos uma arrecadação de R$ 20 para compensar uma frustração da arrecadação estimada em cerca de R$ 20 bilhões para o governo no ano que vem.

A expectativa é que o texto seja votado ainda nesta terça-feira.

As medidas de arrecadação pelo aumento de tributação entraram para o texto após uma mudança no corte de benefícios concedidos para empresas sobre lucro presumido. A proposta original previa a diminuição dos incentivos empresas com faturamento anual acima de R$ 1,2 milhão, o que gerou preocupação de parlamentares com o impacto sobre companhias médias. O novo texto apresentado prevê um teto de R$ 5 milhões. Com isso, o impacto dos cortes de inventivos cai de R$ 19,9 bilhões para R$ 17,5 bilhões, segundo Ribeiro.

O que muda
No caso das bets, o imposto aplicado sobre a receita bruta das casas de apostas vai aumentar dos atuais 12% para 15%, de forma linear, com 1 ponto por ano, até 2028.

 

Para as fintechs, o texto apresentado na Câmara sobe a alíquota daquelas sujeitas à taxa de 9% da CSLL para 12% no ano que vem e 15% a partir de 2028. As fintechs maiores, com alíquota de 15%, passariam a 17,5% em 2026 e 20% em 2028.

O imposto sobre distribuição de juros sobre capital próprio (JCP) pelas empresas a seus acionistas — é uma forma de entrega de lucros usada principalmente pelo setor financeiros —, sobe dos atuais 15% para 17,5%.

Negociações políticas
A apresentação do texto aconteceu após intensa negociação do governo, que foi a campo ontem para buscar aprovação, pelo Congresso Nacional, do projeto de lei. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva ligou para o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, participou de reunião com líderes da Casa. O chefe da equipe econômica ressaltou que a pasta precisa de R$ 20 bilhões para fechar o Orçamento de 2026, valor de arrecadação previsto com a versão original do texto.

As negociações avançavam na noite de ontem para reduzir alguns pontos da proposta original do governo, mas compensando com a inclusão do aumento na taxação de bets e fintechs e, possivelmente, da elevação do imposto sobre distribuição de juros sobre capital próprio (JCP) pelas empresas a seus acionistas.

— O volume de recursos necessário para fechar a peça orçamentária é da ordem de R$ 20 bilhões — disse Haddad a jornalistas na saída do Ministério da Fazenda, no início da noite de ontem.

A equipe econômica tenta votar o orçamento do próximo ano nesta semana, a última antes do recesso parlamentar. O projeto em discussão garante os recursos para alcançar a meta do próximo ano, que é de um superávit de 0,25% do PIB — cerca de R$ 34 bilhões. Sem esses recursos, o risco de o governo iniciar o ano tendo que conter gastos subiria muito. O governo ficou jogando com o risco de corte de emendas parlamentares para tentar convencer os deputados a avançar com as medidas.

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