Seg, 08 de Dezembro

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Tarifa de 50% dos EUA sobre o Brasil eleva taxas futuras nesta quarta-feira

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em janeiro de 2026 oscilou a 14,930%, vindo de 14,923% no ajuste anterior.

A aversão ao risco causada pela taxação de Trump sobre produtos brasileiros teve mais peso sobre os juros futurosA aversão ao risco causada pela taxação de Trump sobre produtos brasileiros teve mais peso sobre os juros futuros - Foto: Freepik

Os juros futuros percorreram a segunda etapa do pregão desta quarta-feira (9) em alta, movimento mais modesto se comparado à deterioração dos demais ativos locais, mas que ganhou fôlego no fim da sessão.

A tarifa comercial de 50% para o Brasil anunciada pelo presidente dos EUA, Donald Trump, fez os vencimentos a partir de 2028 renovarem máximas intradia.

Encerrados os negócios, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em janeiro de 2026 oscilou a 14,930%, vindo de 14,923% no ajuste anterior. O DI de janeiro de 2027 passou de 14,175% no ajuste da véspera para 14,270%.

O vértice de janeiro de 2028 marcou 13,595%, de 13,419% no ajuste antecedente, e o DI de janeiro de 2029 aumentou de 13,304% no ajuste de terça-feira (8) para 13,485%.

No mesmo horário, os juros dos Treasuries recuavam em todos os vencimentos, em reação à publicação da ata de política monetária do Federal Reserve (Fed). "Agora o mercado não discute muito a necessidade de cortes de juros nos EUA.

A questão é mais quando os cortes começam, e quantos serão", afirmou Flávio Serrano, economista-chefe do banco BMG. O ciclo de flexibilização monetária americano é um fator decisivo para que o BC brasileiro possa fazer o mesmo aqui.

No fechamento do dia, porém, a aversão ao risco causada pela taxação de Trump sobre produtos brasileiros teve mais peso sobre os juros futuros. Para Tiago Hansen, diretor de gestão e economista da Alphawave Capital, a ofensiva tarifária de Trump foi o principal fator que afetou a curva brasileira nesta quarta, com destaque para a ponta longa.

"Mas o estresse maior está no dólar. Os juros até que não sentiram tanto a tarifa sobre o Brasil", ponderou.

Também nesta quarta, o Fed publicou a ata de sua última reunião. Na avaliação da Pantheon Macroeconomics, o documento indicou uma clara divisão no Comitê de Mercado Aberto (FOMC) sobre a trajetória futura da taxa de juros no país.

A expressiva criação de empregos evidenciada no payroll de junho fortaleceu a ala mais "hawkish" da autoridade monetária americana, diz a Pantheon Mesmo assim, a consultoria prevê que o mercado de trabalho dos EUA vai desacelerar a partir deste mês, o que permite cortes de 0,25 ponto porcentual dos juros nas reuniões de setembro, outubro e dezembro.

Matheus Spiess, estrategista macro da Empiricus Research, avalia que a dinâmica recente da curva de juros brasileira está mais atrelada a vetores domésticos do que externos.

"Os vértices são 'reféns' de dois temas: a evolução das tratativas do governo e Congresso em relação ao aumento do IOF, e o noticiário de curto prazo sobre dados de atividade e inflação". Na sessão de hoje, diz Spiess, a aversão ao risco provocada pelas declarações do presidente dos EUA fez mais preço sobre câmbio e Bolsa.

Na noite de terça-feira, houve um primeiro encontro entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB) e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP).

O Broadcast Político apurou que Haddad e Gleisi indicaram aos parlamentares que o Planalto não vai abrir mão dos termos do decreto que elevava o IOF. "Essa retórica é ruim. O governo está tentando dobrar a aposta com o eleitorado, o que pressiona os vértices mais longos", aponta Spiess.

 

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