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Tênis

Calor escaldante, quique baixo, mais músculo: por que jogar o 'traiçoeiro' Wimbledon é tão difícil?

Este ano, o torneio de Wimbledon está desafiando ainda mais os atletas devido ao calor de Londres

A grama é considerada um desafio para boa parte dos tenistasA grama é considerada um desafio para boa parte dos tenistas - Foto: Divulgação/Wimbledon

A diretora executiva de Wimbledon, Sally Bolton, disse que o Grand Slam não estava acostumado com as temperaturas escaldantes deste verão europeu, mas, segundo ela, a organização "está absolutamente pronta para isso". O calor em Londres este ano será mais um dos pontos de atenção dos atletas na grama, já conhecida por ser um terreno de jogo especialmente desafiador.

Frequentemente assolado por clima frio e úmido, o torneio de Wimbledon tem uma regra que está pronta para ser ativada para proteger a saúde dos jogadores. Ela se baseia em um índice de estresse por calor que leva em consideração uma série de fatores, incluindo temperatura do ar, umidade e temperatura da superfície. As leituras do monitor são feitas 30 minutos antes do início dos jogos e podem ser repetidas mais tarde.

O regramento permite um intervalo de dez minutos entre sets quando a temperatura supera os 30 graus Celsius. A diretora executiva do All England Club disse que também existem protocolos para cuidar dos gandulas, que têm acesso a cachecóis de resfriamento.

Mas o estresse climático não é a única preocupação dos atletas em Wimbledon.

Alguns temem, outros adoram, e todos concordam que é uma superfície "traiçoeira": a grama, a estrela do espetáculo que começou nesta segunda-feira e dura duas semanas em Wimbledon, convida os tenistas a se reinventarem, modificando seus movimentos e táticas. Uma especialidade britânica, as quadras de grama são raras no resto da Europa.

— Poucos países têm torneios em quadra de grama porque é necessária uma manutenção considerável para manter as quadras em boas condições — disse à AFP o francês Lucas Pouille, ex-número 10 do mundo. — Todos os jogadores descobrem (a superfície) muito tarde, a menos que tenham jogado em torneios juniores — acrescentou ele, que chegou às quartas de final em Wimbledon em 2016.

Há menos de três semanas, sua compatriota Loïs Boisson foi a sensação em Roland Garros, chegando às semifinais apesar de ser a 361ª do ranking mundial na época, mas perdeu na primeira rodada das eliminatórias em Wimbledon.

Saque e voleio
O movimento é "mais complicado", "o quique é baixo" e "o topspin também tem menos impacto", comentou o treinador dela, Florian Reynet, após a derrota da francesa em sua primeira partida na grama, aos 22 anos.

Muitas tenistas passam por esse processo e acabam jogando bem na grama com o tempo.

— Eu não diria que tudo está perfeito de repente, porque a superfície é difícil e traiçoeira, mas eu simplesmente tenho mais anos de experiência — admitiu a polonesa Iga Swaitek (atual número 4 do mundo) após perder sua primeira final na grama no sábado, em Bad Homburg.

Outro segredo para o sucesso é um bom saque, devoluções agressivas e muita eficiência na rede. Os atletas também precisam mudar o jogo de pés, privilegiando passos curtos em vez de passadas largas.

Para se adaptar, as tenistas têm apenas alguns dias, já que o circuito na grama começa logo após Roland Garros, que encerra a temporada no saibro.

Depois de dois meses jogando no saibro, "chegamos à grama e temos 13 dias para mudar tudo, não completamente, porque você sempre tem o seu tênis, mas temos que mudar um pouco a nossa forma de jogar", revelou Coco Gauff, número 2 do mundo e vencedora do último Roland Garros.

Menos cardio, 'mais músculo'
O francês Arthur Rinderknech, que nesta segunda-feira enfrentou o alemão Alexander Zverev, número 3 do mundo, destaca outra diferença com o saibro:

— Exige menos cardio, mas mais músculo. O esforço é menor — destacou.

Por isso, os ralis costumam ser mais curtos, e as partidas costumam ser mais curtas do que no saibro, mas exigem muita concentração.

O espanhol Carlos Alcaraz é um dos poucos tenistas capazes de dominar o tênis de grama muito rapidamente. Como júnior, ele jogou no torneio de Roehampton, perto de Londres.

— Me surpreendi um pouco porque joguei boas partidas — lembrou à imprensa no sábado.

O atual bicampeão de Wimbledon adora tudo sobre o tênis de grama:

— O estilo dos jogadores em quadra, o som da bola, os movimentos. Não é fácil, mas depois que você sabe como se movimentar, é como voar. É realmente uma superfície feita para mim — diz o espanhol, que na grama afirma conseguir "deslizar, fazer drop shots, ir à rede o tempo todo, ser agressivo".

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