De esperança à realidade, Jhon Xavier mantém tradição de Pernambuco no pentatlo moderno
Atleta foi eleito o melhor do ano na modalidade no Prêmio Brasil Olímpico e mira no futuro em celebrar mais conquistas alcançadas por outros conterrâneos
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Os gregos criaram, o francês Pierre de Coubertin aperfeiçoou, mas a verdade é que o pentatlo moderno tem a cara do Brasil. Aliás, de Pernambuco. Imagem que começou a ser desenhada lá em Afogados da Ingazeira, no Sertão, por Yane Marques, única brasileira medalhista olímpica, com o bronze nos Jogos de Londres 2012. Agora ganha traços de um jovem do Alto Santa Teresinha, na Zona Norte do Recife. Ganhador do Prêmio Brasil Olímpico da modalidade, Jhon Xavier, de 17 anos, já é o presente da nova geração de pentatletas, sonhando em manter a tradição (brasileira e pernambucana) no esporte.
Início
Formado no projeto Penta Jovem, no Recife, da Confederação Brasileira de Pentatlo Moderno (CBPM), Jhon já tem no currículo conquistas como um ouro no Campeonato Sul-Americano e Pan-Americano Juvenil de Pentatlo Moderno, no Rio de Janeiro, e um bronze no Campeonato Mundial Sub-19 (Juvenil), disputado na Lituânia, em agosto deste ano. Mérito que ele faz questão de dividir com quem o ajudou a não desistir nos primeiros obstáculos - das provas e da vida.
"No início, para ser sincero, eu não dava tanta importância ao esporte, mas o técnico Almir Claudino viu futuro em mim. Comecei a focar mais nos treinos, mas, dois dias antes de disputar um Brasileiro, eu fraturei o quinto metatarso, aos 14 anos. Pensei até em desistir de tudo. Por imaturidade, eu não segui os cuidados corretos e a recuperação que deveria durar um mês e meio, durou três. Meus amigos e minha mãe me ajudaram a não desistir. Eu me recuperei e voltei a competir, conseguindo bons resultados", afirmou. Além de Almir, Jhon é treinado por Hyan Lima (técnico de combinado), Diogenes Melo (natação) e Felipe Nascimento (esgrima).
Por falar na esgrima, o pernambucano foi ouro no individual e prata na equipe mista nos Jogos da Juventude CAIXA João Pessoa, na Paraíba, no ano passado.
“A esgrima é a que faço melhor, junto com a corrida”, diz o jovem, antes de confessar qual modalidade exige mais esforço. “Eu nado na pura raiva. Se a série é longa, eu não gosto. Diogenes fica me dando dicas para melhorar porque tem horas que eu esqueço até a técnica”, brincou. Os treinamentos de Jhon acontecem no Centro Comunitário da Paz (Compaz), no bairro Alto do Pascoal, na Zona Norte do Recife.
Referências
Não é quando relata os próprios feitos que os olhos de Jhon brilham com maior intensidade, mas sim ao citar os nomes que o circundam. “Eu me lembro de, quando criança, assistir Yane competindo. Felipe (Nascimento) é um mestre. Almir, Hyan também me ajudam muito. E Diogenes? O cara perdeu um pulmão e ainda é ‘brabo’ na natação. Sem falar nos amigos que competem comigo, como Victor Acioly. Ele é gigante, uma referência. Todos eles me dão muitas dicas. Se não fosse por todos eles e pelo pentatlo, eu só estaria por aí, jogando bola na rua. O pentatlo mudou minha vida e agora quero quebrar todos os recordes possíveis”, projetou.
Os elogios também partem de quem já foi inspirado por outros e hoje é espelho para os mais jovens. “Fico feliz em ver a evolução técnica de Jhon. Ele é um menino super dedicado, fruto de uma semente que foi plantada lá atrás, que me revelou e revelou tantos outros. Voltamos a mostrar o potencial de Pernambuco nesta modalidade, com Felipe usando a experiência que teve como atleta para ser treinador, lapidando esses diamantes”, disse Yane, atual vice-presidente do Comitê Olímpico Brasileiro.

