Gabi conta o que a surpreendeu em temporada 100% na Itália e sobre desafio com a seleção; saiba mais
Capitã será peça fundamental na terceira etapa da VNL a partir desta quarta-feira; Brasil pode classificar com uma vitória
A seleção brasileira feminina de vôlei enfrenta a Bulgária, nesta quarta-feira, à 0 hora, em Chiba, no Japão, pela terceira fase da Liga das Nações.
O Brasil ocupa a terceira posição da tabela geral com sete vitórias e apenas uma derrota diante da Itália, a atual campeã da Liga das Nações e dos Jogos Olímpicos. As italianas lideram a competição com 100% de aproveitamento; é a única invicta. A Polônia, também com sete triunfos, é a vice-líder.
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As oito melhores seleções avançarão para a etapa final, entre 23 a 27 de julho, em Lódz, na Polônia.
Com apenas uma vitória, o Brasil pode garantir classificação para a etapa seguinte, uma vez que, neste caso, poderia empatar com o oitavo colocado. A definição, então, iria para o saldo de sets.
E para a fase atual, em que as brasileiras jogarão ainda contra a França, Polônia e Japão, a seleção deverá contar com a capitã Gabi, de 31 anos e 1m81, em tempo integral. Na fase anterior, na Turquia, ela jogou brevemente contra as dominicanas e ganhou ritmo contra as turcas.
Gabi se apresentou à seleção apenas na França, no dia 11 de junho, onde a delegação nacional fez escala a caminho da Turquia. É que ela teve temporada de clubes longa e depois, férias merecidas.
— Essa era a ideia: treinar com o time na segunda semana da VNL para jogar na terceira. Me sinto bem fisicamente, treinando o máximo que posso para acompanhar o time — disse Gabi, do Japão ao GLOBO.
A ponteira se transferiu para a Itália após cinco temporadas brilhantes na Turquia. E já na estreia gabaritou. Conquistou todos os títulos possíveis no Conegliano, perdendo apenas duas partidas na temporada inteira. Levantou a taça da Supercopa Italiana, Copa Itália, Campeonato Italiano, Mundial de Clubes e Champions League.
Em 48 jogos, Gabi fez 544 pontos e obteve 47% de aproveitamento no ataque.
Além disso, foi eleita a Jogadora Mais Valiosa (MVP) das finais do Campeonato Italiano e reconhecida como a melhor ponteira da Champions League. O seu timaço tinha Ting Zhu, Monica De Gennaro, Sarah Fahr, Isabelle Haak, Marina Lubian e Joanna Wolosz, além do técnico Daniele Santarelli.
— A gente brincou muito durante a temporada que, quando se ganha tudo assim, do jeito que foi, a expectativa para a temporada seguinte é que se repita o feito. E a cada ano vai ficando mais difícil. Mas, conhecendo a mentalidade das meninas, sei que tudo será pautado no trabalho. A gente não pensa lá na frente, a gente pensa dia a dia. Todos vão querer nos tirar esta invencibilidade de títulos — disse Gabi, que conta com o que se surpreendeu na Itália.
— Joguei com atletas incríveis, talvez as melhores do mundo, cada uma em sua posição. E a melhor parte foi exatamente essa, dividir a quadra com grandes estrelas, mas que mostraram humildade enorme. Falou-se muito em como seria jogar em um time com grandes estrelas. O time se mostrou muito competente na parte de deixar o ego de lado e entender que, após cada vitória, a cada dia, a gente ia ter de voltar para o ginásio e trabalhar ainda mais forte. Foi uma temporada de muito trabalho, mas a gente se divertiu muito em quadra.
A brasileira também se surpreendeu com Santarelli. Segundo contou, o treinador é um baita estudioso. Ela falou sobre o papo que teve com ele no início da temporada:
— Tive oportunidade de trabalhar com grandes treinadores na minha carreira e, quando se tem a chance de conhecer alguém novo, sempre penso no que eu posso aprender. E fiquei surpresa do tanto que ele estuda. Em todas as nossas viagens e momentos que tínhamos. Até a De Gennaro, que é a mulher dele, falava. Ele fica o tempo todo estudando e trabalhando no que pode melhorar. — contou a atacante.
— Lembro da primeira reunião que tivemos, ele falou que eu havia trabalhado com Zé Roberto, o Bernardo, o Giovanni (Guidetti) e perguntou o que eu poderia trazer para grupo de diferente. Uma pessoa muito aberta a querer evoluir.
Gabi comentou ainda que se sentiu muito bem na Itália, que a amiga sueca Haak foi quem mais lhe ajudou na adaptação. E que ficou apaixonada pela cidade de Conegliano, que tem cerca de 36 mil habitantes.
— Tem aquele clima de cidade do interior, que é muito mais meu estilo. Sou caseira, gosto da natureza e a região de Vêneto, no nordeste da Itália, com montanhas (Dolomitas) e lagos é muito bonita. A adaptação foi muito rápida. Principalmente em relação à comida. Encontrei produtos orgânicos, de fazendeiros locais com facilidade.
Seleção brasileira
Gabi disse que acompanhou o início da temporada internacional da seleção brasileira pela TV. Ela estava de férias. E garantiu que gostou do que viu:
— Mesmo de fora, foi muito legal ver a atitude das meninas, assumindo responsabilidades. E mesmo muito jovens, elas conseguiram lidar com a pressão. Tem sido leve para a seleção essa questão da renovação. Não caiu como um peso, ao contrário — analisou a capitã.
Ela elogiou o grupo e contou que fora da quadra tem muita "troca" entre as jogadoras. Segundo ela, as meninas gostam de pegar dicas sobre alimentação e cuidado físico.
— Vejo como elas se preocupam com o sono e a alimentação. Essa é uma geração que vem com uma cabeça completamente diferente. E o resultado a gente tem visto em quadra — comenta Gabi, que fala sobre o prazer de defender as cores do Brasil.
— Minha vontade de estar aqui se renova automaticamente. Já tenho 31 anos e as atletas mais velhas brincam comigo para não falar disso, que estamos 'velhas', para não entrar na cabeça. Tento não pensar dessa maneira.
Para ela, poder participar de mais um ciclo olímpico e ser referência para as mais jovens é gratificante. Brinca que talvez ela seja a última "da leva de jogadoras mais baixas nessa geração gigantesca". Por conta disso, afirma que tem de se cuidar "mais do que nunca".
— Preciso estar sempre 100% e isso acaba sendo um desafio, uma motivação.
Além da Bulgária, a seleção brasileira enfrentará a França, na quinta-feira, às 3h30 (horário de Brasília), a Polônia, na sexta-feira, às 7h20, e Japão, no domingo, às 7h20.
Na história da a Liga das Nações de vôlei feminino, os Estados Unidos são os maiores campeões, com três títulos (2018, 2019 e 2021). A Itália vem na sequência, com dois (2022 e 2024), enquanto a Turquia (2023) completa a lista.

