Quem é Victoria Mboko, adolescente que surpreendeu o tênis mundial ao vencer o WTA 1000 de Montreal
Filha de refugiados congoleses, jovem de 18 anos derrotou Naomi Osaka na final e alcançou feito comparável ao de Serena Williams em 1999
Aos 18 anos, Victoria Mboko viveu na última semana o tipo de ascensão que o esporte raramente testemunha. Número 85 do ranking mundial, a canadense chocou o circuito ao conquistar o WTA 1000 de Montreal, derrotando na final ninguém menos que Naomi Osaka, uma de suas grandes inspirações, de virada: 2-6, 6-4 e 6-1, nesta quinta-feira.
Para chegar ao título em casa, Mboko deixou pelo caminho Sofia Kenin, Coco Gauff e Elena Rybakina — todas campeãs de Grand Slam. Um roteiro que remete a 1999, quando Serena Williams, então uma adolescente, venceu quatro campeãs de Slam para faturar o US Open.
Leia também
• Mboko, de 18 anos, surpreende a experiente Osaka e conquista o título em Montreal
• Venus Williams cai na 1ª rodada do WTA 1000 de Cincinnati
• Fonseca sofre, mas busca virada e estreia com vitória sobre chinês no Masters de Cincinnati
De filha de refugiados à elite do tênis
Mboko nasceu em Toronto, mas carrega uma trajetória familiar marcada por superação. Filha de refugiados da República Democrática do Congo que fugiram do regime de Mobutu no fim dos anos 1990, ela é a caçula de uma família apaixonada por esportes, embora sem tradição no tênis.
Seu pai, Ciprian Mboko, era fã de Agassi, Courier e Steffi Graf — e treinou todos os filhos, mesmo sem ter praticado o esporte. Dois dos irmãos jogaram em universidades nos Estados Unidos, e foi no ambiente familiar que Victoria deu suas primeiras raquetadas. Aos 7 anos, jogou contra a irmã mais velha, Gracia, em um torneio local. Perdeu por 6-0, 6-0, mas dali em diante não quis mais sair das quadras.
— Cresci no court. Meus pais não conseguiam me tirar de lá — contou ao jornal L'Équipe.
Talento forjado no multiesporte
Antes do tênis, Victoria experimentou um pouco de tudo: ginástica, natação, futebol, basquete — e quase praticou boxe, por sugestão da mãe. Essa diversidade, diz ela, ajudou na formação do estilo de jogo variado e agressivo que hoje encanta o circuito, de acordo com o jornal português A Bola.
Desde dezembro de 2024, ela treina com a ex-tenista francesa Nathalie Tauziat, finalista de Wimbledon em 1998 e ex-número 3 do mundo. A parceria, parte de um programa da federação canadense, potencializou ainda mais o talento natural de Mboko.
— O que mais me impressiona é o quanto ela odeia perder. Essa aversão é rara e preciosa — disse Tauziat. — Mesmo quando está atrás, ela encontra um jeito de virar o jogo. Luta até o fim.
Nova joia canadense
Com o título em Montreal, Mboko subirá para a 24ª posição no ranking da WTA. É a segunda canadense a vencer o torneio desde 1970, ao lado de Bianca Andreescu (2019), e apenas a quarta a disputar uma semifinal de WTA 1000.
Sua vitória foi tão impactante que até interrompeu a final masculina, deixando o campeão Ben Shelton boquiaberto com o feito da jovem compatriota. Para Mboko, no entanto, esse é só o começo.
— Eu detesto perder, mais do que gosto de ganhar. Cada derrota me ensina como vencer — resumiu.

