Boulos lança programa para tentar reaproximar governo de movimentos sociais
Anunciado no Diário Oficial desta segunda-feira, o projeto prevê encontros nas periferias para discussão do alcance de políticas públicas e faz parte da sinalização às bases eleitorais de Lula para 2026
Com o objetivo de reaproximar o governo dos movimentos sociais, o ministro Guilherme Boulos, da Secretaria-Geral da Presidência, criou o programa "Governo na Rua", instituído a partir da publicação de uma portaria no Diário Oficial desta segunda-feira. O lançamento da iniciativa acontece duas semanas após ele assumir o controle da pasta, em meio a expectativas para o aumento da capacidade de mobilização de eleitores a favor do presidente Lula (PT) para a campanha de reeleição de 2026.
O novo programa foi descrito com a finalidade de "promover a ampliação e o aprofundamento da participação social e da democracia, por meio da atuação direta nos territórios", a partir de uma série de reuniões em regiões periféricas do país para ouvir demandas da população e aproximar o governo federal das comunidades.
Além das diretrizes para o funcionamento do programa, a publicação no Diário Oficial também determinou a criação de um grupo de trabalho para "elaborar um diagnóstico de problemas e verificar se os modelos atuais de implementação e participação social são coerentes com as diretrizes governamentais".
Antes de ser oficializada nesta segunda-feira, a iniciativa também havia sido anunciada pelo ministro em um evento no último sábado no Morro da Lua, no Campo Limpo, na zona sul da capital paulista, região onde reside há 20 anos.
Como mostrou O Globo, a escolha de Boulos para assumir o comando da pasta foi baseada na percepção do deputado como um nome de forte capacidade de mobilização e diálogo direto com as bases. No Planalto, a avaliação é de que a presença dele pode ajudar a engajar entidades populares em pautas do governo, fortalecer a comunicação com jovens e ampliar o alcance político do presidente.
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Em uma das frentes anunciadas como missão atribuída a ele por Lula (PT), Boulos busca a ampliação do diálogo com trabalhadores por aplicativo. Em entrevista ao Globo, logo após o anúncio de seu nome para o comando da pasta, ele apontou a aproximação da categoria como uma das suas prioridades e admitiu ruídos na relação entre o grupo e o governo. A origem do desentendimento é atribuída por integrantes da categoria ao projeto de lei para a regulamentação do trabalho por aplicativo.
Em sua versão final, enviada ao Congresso em abril do ano passado, a proposta ficou restrita apenas a motoristas de aplicativo e não contemplou entregadores, em função de trava nas negociações criada pelas empresas que ofertam esses serviços.
Nos primeiros dias após a posse, o ministro se reuniu com lideranças dos entregadores de aplicativo no Palácio do Planalto e recebeu uma carta de reivindicações da categoria, que também incluíam pedidos de isenção de impostos para a compra de veículos e linhas de financiamento com crédito mais baixo, como já ocorre com taxistas. Os gestos, no entanto, foram recebidos com ceticismo por parte dos representantes do grupo, que afirmaram que medidas concretas não foram discutidas.

