Sáb, 06 de Dezembro

Logo Folha de Pernambuco
disputa comercial

CNI pede prudência após governo Lula autorizar o uso da Lei da Reciprocidade contra tarifaço

Comitiva da indústria com mais de 100 líderes empresariais embarca na próxima semana para Washington

Ricardo Alban, presidente da CNI, fala em abrir caminhos entre Brasil e EUARicardo Alban, presidente da CNI, fala em abrir caminhos entre Brasil e EUA - Foto: CNI/Divulgação

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) defendeu, nesta sexta-feira (29), cautela diante da escalada da disputa comercial entre Brasil e Estados Unidos, um dia após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva autorizar a abertura de consultas para aplicar a Lei da Reciprocidade Econômica contra o tarifaço de 50% imposto pelo governo de Donald Trump sobre produtos brasileiros.

Ontem o Palácio do Planalto comunicou oficialmente à Câmara de Comércio Exterior (Camex) o início do processo, a CNI afirmou que ainda é hora de apostar no diálogo.

“O setor industrial continuará buscando os caminhos do diálogo e da prudência, e avalia que não é o momento para a aplicação da Lei da Reciprocidade Econômica”, diz trecho da nota da entidade.

Na avaliação da indústria, as economias brasileiras e americanas são complementares, e a relação bilateral construída ao longo de mais de 200 anos deve ser preservada.

Para reforçar a estratégia, uma comitiva da CNI, com mais de 100 líderes empresariais, embarca na próxima semana para Washington. A agenda inclui reuniões com autoridades e representantes do setor privado americano, além de preparativos para uma audiência pública, no dia 3 de setembro, sobre a investigação aberta nos termos da Seção 301 da Lei de Comércio dos Estados Unidos.

Apesar de ter acionado formalmente a Lei da Reciprocidade, o governo brasileiro também mantém interesse em negociar. Segundo o Itamaraty, o processo pode durar até sete meses e prevê etapas de consulta aos EUA, além de direito ao contraditório. Lula, no entanto, justificou a medida afirmando que os ministros Geraldo Alckmin (MDIC), Fernando Haddad (Fazenda) e Mauro Vieira (Relações Exteriores) não têm sido ouvidos por Washington.

O Brasil ainda abriu consultas na Organização Mundial do Comércio (OMC) e contratou um escritório de advocacia nos Estados Unidos para defender os interesses nacionais.

— Nosso propósito é abrir caminhos para contribuir com uma negociação que possa levar à reversão da taxa de 50% e/ou buscar obter mais rapidamente o aumento de exceções ao tarifaço sobre produtos brasileiros — pontuou o presidente da CNI, Ricardo Alban.

Lula diz que não há pressa para aplicar Lei da Reciprocidade
Nesta sexta-feira (29), o presidente Lula afirmou que “não tem pressa” para aplicar a Lei da Reciprocidade contra os EUA, apesar de ter autorizado o início do processo pela Camex.

A legislação, sancionada em abril, permite ao Brasil responder a medidas unilaterais adotadas por outros países, como o tarifaço de 50% imposto pelos EUA a produtos brasileiros. Lula destacou que o processo precisa andar para tentar acelerar negociações, mas reforçou que prefere dialogar.

— Eu não tenho pressa de fazer qualquer coisa com a reciprocidade contra os Estados Unidos. Tomei a medida porque eu tenho que andar o processo — disse Lula em entrevista à Rádio Itatiaia.

Lula ainda disse que, se os norte-americanos estiverem dispostos a negociar, o Brasil também está.

— Nós estaremos dispostos a negociar 24 horas por dia. Até agora nós não conseguimos falar com ninguém. Então eles não estão dispostos a negociar.

Veja também

Newsletter