María Corina Machado, líder da oposição na Venezuela, vence Prêmio Nobel da Paz
Conhecida como "dama de ferro", María Corina é o principal nome da oposição que tenta desbancar Nicolás Maduro do poder
A líder opositora venezuelana María Corina Machado foi laureada nesta sexta-feira(10) com o Prêmio Nobel da Paz, anunciou o Comitê Norueguês do Nobel, que destacou sua "incansável" defesa da democracia diante do "brutal" governo de Nicolás Maduro.
"Estou chocada!", reagiu a política venezuelana em um vídeo divulgado por sua equipe de imprensa após saber da premiação.
Machado foi premiada "por seu incansável trabalho de promoção dos direitos democráticos para o povo da Venezuela, e por sua luta para alcançar uma transição justa e pacífica da ditadura para a democracia", anunciou o presidente do Comitê, Jørgen Watne Frydnes.
"É um dos exemplos mais extraordinários da coragem civil na América Latina em tempos recentes", destacou.
Leia também
• Húngaro László Krasznahorkai ganha Prêmio Nobel de Literatura: "Obra fascinante e visionária"
• Nobel de Química premia trio por pesquisas sobre novas estruturas moleculares
• Nobel de Medicina premia três pesquisadores do sistema imunológico; saiba quem são
Segundo ele, María Corina Machado, que vive na clandestinidade, se impôs como "uma figura fundamental unificadora em uma oposição política que antes esteve profundamente dividida" e que agora exige "eleições livres e um governo representativo".
"Apesar de enfrentar sérias ameaças contra sua vida, ela permaneceu no país, uma escolha que tem inspirado milhões", acrescentou o presidente do Comitê Norueguês do Nobel, que avaliou que a Venezuela "evoluiu de um país próspero e relativamente democrático para um Estado brutal e autoritário".
Recentemente, Machado, de 58 anos, manifestou seu apoio ao desdobramento militar dos Estados Unidos no Caribe, que o governo de Maduro chamou de "ameaça".
"Falta muito pouco para que os venezuelanos recuperem nossa soberania e a democracia. Estamos prontos para assumir as rédeas do novo governo", disse Machado em setembro.
Washington, que acusa Maduro de estar por trás das redes de narcotráfico, afirma que sua operação responde a um dispositivo antidrogas, mas o chavismo considera isso uma "guerra não declarada", nas palavras do ministro da Defesa, Vladimir Padrino López.
María Corina Machado, Nobel da Paz 2025 | Foto: Juan Barreto/AFP
Na clandestinidade
Nas últimas semanas, circulou nas redes sociais o rumor de que María Corina Machado estaria refugiada na embaixada dos Estados Unidos.
A opositora vive na clandestinidade desde depois das eleições presidenciais de julho de 2024, nas quais Maduro reivindicou a vitória apesar das denúncias de fraude por parte de seus rivais.
Seu paradeiro não pôde ser confirmado pela AFP nem por nenhuma autoridade venezuelana ou americana. O ministro do Interior e Justiça, Diosdado Cabello, insinuou que Machado está refugiada nessa sede diplomática.
A oposição liderada por Machado reivindica a vitória nas eleições presidenciais de 2024, às quais concorreu com a candidatura de Edmundo González Urrutia, exilado na Espanha devido a uma ordem de prisão contra ele. Os Estados Unidos também não reconheceram o resultado dessas eleições.
No ano passado, o prestigioso prêmio foi para o grupo antinuclear japonês Nihon Hidankyo, um movimento promovido por sobreviventes das bombas de Hiroshima e Nagasaki.
O prêmio, que será entregue em 10 de dezembro em Oslo, consiste em uma medalha de ouro, um diploma e uma quantia de 1,2 milhões de dólares (6,42 milhões de reais).
Assim como esperavam os observadores, o prêmio escapou mais uma vez das mãos do presidente americano Donald Trump, que manifestou repetidamente o desejo de ser reconhecido com o Nobel da Paz, como foi seu antecessor democrata Barack Obama.

