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3º Data Day: inteligência artificial nas redações é tema de encontro em São Paulo

Evento ocorre nesta terça (1º), na ESPM TECH, em São Paulo, e conta com cases e discussões sobre o uso da IA com responsabilidade

O jornalista Pedro Doria comandou o painel de abertura: "IA e Jornalismo: para onde vamos?"O jornalista Pedro Doria comandou o painel de abertura: "IA e Jornalismo: para onde vamos?" - Foto: Leusa Santos/Folha de Pernambuco

São Paulo (SP) - Jornalistas de vários lugares do país reuniram-se na última terça-feira (1°) no 3° Data Day, encontro em São Paulo que discutiu o tema “Modelos de Negócios com utilização de dados e inteligência artificial”. 

Os painelistas compartilharam sobre os modelos de negócios, sua utilização e resultados. 

O objetivo é reunir informações atualizadas sobre o uso da IA no jornalismo e sua aplicabilidade pelas empresas de comunicação. 

O evento ocorreu na ESPM TECH (SP), em parceria com o Google News Initiative, Chartbeat e Tubular. A realização do encontro é da Associação Nacional de Jornais (ANJ). 

A diretora de Mercado Leitor no Estadão, Débora Huertas, fez a abertura do evento e destacou a importância desse momento de troca de experiências e discussões sobre a IA. 

O presidente da Associação Nacional de Jornais (ANJ), Marcelo Rech, e o presidente da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing), Dalton Pastore, deram as boas-vindas aos profissionais. 

IA e Jornalismo
 O primeiro painel, intitulado “IA e Jornalismo: para onde vamos?”, foi comandado pelo jornalista, palestrante e diretor de Jornalismo no Meio (RJ), Pedro Doria, que destacou a necessidade de se incentivar o uso de IA, mas com responsabilização sobre tudo o que se publica. 

Segundo analisa, a IA mudou muito o universo da informação e ainda vai mudar mais. É preciso se adaptar, mas com critérios. “Qual é o futuro? O que o futuro próximo pode trazer?”, provoca. 

Doria fez uma exposição resumindo as gerações de IA, seu uso, potencialidades e desafios. De acordo com ele, todas as iniciativas já implementadas e as que virão têm o foco em entender o comportamento humano. 

Doria detalhou que a IA é dividida em três gerações: machine learning (aprendizado de máquina), redes neurais e grandes modelos de linguagem (Language Large Models - LLMs).

“A primeira empresa a usar o aprendizado de máquina geração foi a Amazon, sugerindo livros. Hoje vemos isso toda hora”, disse, citando a rotina de pesquisas que fazemos diariamente no ambiente digital. 

A segunda geração são as redes neurais, algoritmos de machine learning que simulam os sentidos humanos.

“Um exemplo é o Google Photos, que identifica o grau de parentesco nas fotos devido à emulação dos sentidos humanos”, explica.

Na terceira geração, os LLMs, modelos de linguagem, simulam o pensamento humano e reúnem um universo vasto de dados, imagens, conteúdos dos mais variados a partir da produção de conhecimento. 

Segundo Doria, esses modelos reúnem vários tipos de textos e quando alguém faz uma pergunta, o chamado prompt (comando), com o detalhamento necessário para obter uma resposta o mais real possível, recebe uma resposta detalhada.

“Com uma quantidade abissal de texto o modelo vai construindo o texto, mas não está pensando, não há uma cognição no mundo real”, explica, destacando que por isso há as alucinações, respostas fora da realidade, de forma geral. 

“Essas máquinas não pensam, portanto, elas não têm consciência da própria existência. Se você perguntar se ela existe, ela vai te responder dizendo que sim porque existem diversos livros, filmes que dizem isso a ela”, cita. 

Jornal O Povo
No segundo painel, foram compartilhados cases de sucesso em redações. 

O primeiro foi o “Agregador de Pesquisas 2024 - Case Redação “, apresentado pelo coordenador de Dados do jornal O Povo (CE), Wanderson Trindade. 

O jornal O Povo utilizou a ciência de dados para elaborar o agregador de pesquisas nas eleições municipais de 2024, em Fortaleza. Uma equipe de mais de 15 profissionais participou do projeto, entre editores, designers, cientistas de dados e repórteres. 

O primeiro passo foi criar um mecanismo (script) para identificar quais pesquisas eleitorais seriam divulgadas com base da plataforma do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). 

Wanderson Trindade, coordenador de Dados do jornal O Povo (CE)Wanderson Trindade, coordenador de Dados do jornal O Povo (CE)

O segundo passo foi coletar as informações em sites de notícias e no TSE sobre como foi o desempenho dos candidatos para as eleições municipais. Foi feita uma padronização das informações sobre o desempenho dos candidatos, visando dar coesão à base de dados. 

A equipe de cientistas de dados aplicou pesos de notas para as instituições de pesquisas para que a plataforma pudesse dar um peso maior para os institutos que tiveram maior credibilidade. O objetivo dessa etapa foi extrair uma espécie de média móvel ponderada para cada um dos candidatos e estabelecer a real tendência dos candidatos ao longo da campanha.

“As pesquisas mais recentes tiveram um peso maior porque traduzem o comportamento mais novo”, explica Wanderson.

O agregador reúne os dados e os mostra em tabelas interativas, gráficos, filtros etc. Foram também produzidos conteúdos a partir das informações disponibilizadas pelo agregador de pesquisas. 

A ferramenta disponibiliza download em formato aberto. “O agregador na verdade se traduz como um grande gerador de pautas que é utilizado na rotina de produção de conteúdo multiplataforma”, acrescenta Wanderson.

Nas eleições municipais, o agregador previu de maneira antecipada o segundo turno entre os candidatos André Fernandes (PL) e Evandro Leitão (PT). Além disso, captou o crescimento de Evandro, que antes estava em segundo lugar e acabou vencendo o pleito para a Prefeitura de Fortaleza. 

“O papel do agregador se interliga também de forma positiva em um universo que precisa cada vez mais da informação com credibilidade. Os dados foram instrumento de clareza”, finaliza Wanderson Trindade. 

Roma News
O painel “Roma Sustentabilidade - COP-30 - Case Mercado Anunciante” foi apresentado pelo gestor de Marketing e Negócios no Roma News (PA), Renan Moraes Chaves.

O veículo desenvolveu o Roma Business COP-30, que é uma série especial de 9 programas em formato de podcast com foco nos impactos e oportunidades do cenário. Cada tema de podcast reflete as expectativas e preparação para a conferência, que acontece em novembro deste ano, em Belém do Pará. 

O conteúdo produzido pelo time de branded aproveita a realização do evento, que vai discutir mundialmente as mudanças climáticas, para alcançar audiência e monetizar a operação do veículo.

Google e os desafios da busca

Durante a tarde, o primeiro painel foi ministrado pela head de Parcerias com Notícias do Google /SP, Fabiana Zanni. Ela apresentou o tema "Oportunidades de IA para inovação em negócios jornalísticos" e apresentou as novidades da empresa em promover mudanças no modo de busca. Segundo ela, o desafio é aproximar-se do modo de busca conversacional, principalmente sob a demanda da chamada Geração Z, pessoas nascidas entre 1995 e 2010. 

Entre os experimentos que estão sendo feitos na gigante da Alphabet Inc. está o AI Overview. Trata-se de uma ferramenta pensada para atender uma busca sem muito esforço, como Zanni explica. "A forma da busca está mudando. Antes, as pessoas buscavam por palavras-chave. Hoje, buscam como se estivesse conversando com um amigo. Nós precisamos atender a esse novo modo", afirma. O IA Overview ainda não está acessível a todos porque está na fase de testes. 

Fabiana Zanni, head de Parcerias com Notícias do Google (SP)GFabiana Zanni, head de Parcerias com Notícias do Google (SP)

Além do IA Overview, o Google também está testando a ferramenta IA Mode, que utiliza recursos de pensamento e raciocínio para entregar respostas detalhadas. "A IA Mode destrincha uma pergunta em várias outras perguntas que o usuário teria de fazer para chegar à resposta. E as respostas são dadas por meio de blocos de respostas clicáveis e quando o usuário clica no link obtém mais informações”, detalha Zanni. 

A IA Mode está há cerca de um ano em testes. O objetivo desses e outros experimentos é estar sempre caminhando com a maneira como as pessoas buscam, que está em constante mudança. Conforme Zanni, cerca de 15% das buscas no Google são de perguntas que nunca foram respondidas antes. 

Outros cases

Os painéis prosseguiram com a apresentação dos cases do Globo, com o tema "Ação Meet and Greet - Clube O Globo", e da Rede Gazeta, intitulado "Projeto 2028 - Engajamento é nossa Estrela do Norte - Case Estratégias Digitais". 

O painel de encerramento teve como temática "Tendências e Inovações para a Indústria de Mídia 2025/26", apresentado pelo consultor sênior da Innovation Media Consulting - Bristol (UK), Lucio Mesquita. 

 

 

 

 

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