Adolescente que matou pais e irmão no RJ: laudo mostra que tiros acertaram as três vítimas na cabeça
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O resultado preliminar de um laudo cadavérico aponta que o adolescente que matou os pais e um irmão num dos quartos da casa onde morava, no último dia 21 de junho, em Itaperuna, no Noroeste Fluminense, fez três disparos de revólver, calibre 38, e que cada uma das vítimas foi ferida por um tiro na cabeça. A arma usada no crime era do pai do menino. Investigações da 143ªDP(Itaperuna), apuram se o garoto cometeu os assassinatos para receber o fundo de garantia de R$ 33 mil em nome do pai. A suspeita surgiu após policiais identificarem uma pesquisa no celular do jovem, na qual ele questionava "como receber FGTS de falecido".
Em depoimento, no entanto, ele afirmou ter feito a consulta depois dos assassinatos, o que pode excluir a premeditação. Segundo a polícia, o jovem pretendia ainda vender a casa onde a família morava por R$300 mil, além de um carro por cerca de R$ 60 mil.
Um jogo virtual de terror psicológico — com enredo sobre irmãos que mantinham uma relação incestuosa e matavam os próprios pais — está no centro das investigações sobre o assassinato da família. Segundo a polícia, o conteúdo pode ter influenciado diretamente o adolescente, que confessou ter matado o pai, a mãe e o irmão de apenas 3 anos. Ele também afirmou que teria planejado o crime com sua namorada virtual, de 15. A participação da garota ficou mais clara após sua apreensão, nesta segunda-feira, em Mato Grosso do Sul, cidade onde a menina mora.
Ela foi ouvida, mas negou participação no crime. Os dois adolescentes foram apreendidos por ordem da Vara da Infância de Itaperuna.
"Eles se identificavam com esse jogo, mas não jogavam. Pesquisei e vi que esse jogo chegou a ser banido na Austrália e voltou reclassificado como 18 mais. Deve ser um jogo bem diabólico, sobre um casal de irmãos que praticavam incesto e matavam os pais, no qual eles se espelhavam", disse o delegado Carlos Augusto Guimarães da Silva, da 143ªDP (Itaperuna), que investiga o crime.
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Depoimento: adolescente apreendido por matar a família contou à polícia que pais sumiram após socorrerem irmão, que tinha se engasgado com vidro
O adolescente foi apreendido no último dia 25, logo após os corpos dos pais e do irmão serem encontrados. Já a menina, sua namorada virtual, foi localizada e apreendida nesta segunda-feira, em Mato Grosso do Sul. Apesar dela negar ter influenciado o jovem a cometer os assassinatos, trocas de mensagens entre os dois, segundo a polícia, indicam a participação ativa da garota nas mortes.
"Infelizmente verificamos, pelo teor das conversas, que realmente tem, sim, participação efetiva dela. Tantos em momento anterior, como durante as execuções e no momento posterior. Isso nos possibilitou colocá-la na cena do crime. Era realmente foi partícipe. Ela o induziu e o instigou a todo o momento", disse.
A análise das conversas, de acordo com o delegado Carlos Augusto, mostra o que ele chamou de "barbaridade":
Conseguimos mostrar a premeditação, os atos preparatórios, o planejamento em si e os atos executórios.
O delegado destacou ainda que o casal trocou mensagens sobre como agir para não ser descoberto. Os diálogos também mencionavam o distanciamento entre os dois, e, em um deles, a garota pressiona o adolescente a visitá-la, dizendo que ele deveria “ser homem”. Segundo o policial, a conversa revela uma tentativa de chantagem emocional.
Segundo o delegado, os adolescentes se conheceram há cerca de seis anos e mantinham contato pelas redes sociais — a menina, inclusive, criou um perfil específico para se comunicar com o garoto. No último ano, o relacionamento se intensificou, mas a distância física impedia que se encontrassem pessoalmente. Em mensagens trocadas entre eles, os dois chegaram a discutir como cometeriam os assassinatos, avaliando o uso de arma de fogo ou facas e definindo a possível ordem das mortes.
"Houve também um ultimato, dado pela própria adolescente, acerca do término do relacionamento caso não se encontrassem pessoalmente, reforçando a chantagem. E verificamos conversas sobre como ele obteria dinheiro para que viajasse. Também foram verificadas conversas sobre métodos de matar, se com arma de fogo ou facadas e qual seria a ordem dessas mortes", afirmou Carlos Augusto.
A polícia descobriu uma conversa que falava sobre a arma do pai do adolescente estar embaixo do travesseiro do garoto. As vítimas, segundo o laudo da necrópsia, foram atingidas por tiros na cabeça. Durante o crime, de acordo com o delegado Carlos Augusto, a garota reclamou que o namorado estava on-line mas não respondia suas mensagens — a menina queria detalhes do que estava acontecendo.
"Isso mostra o sadismo da adolescente", afirmou o policial.
Os pais estavam em sono profundo quando foram baleados — segundo o garoto, eles haviam ingerido, por conta própria, um remédio para dormir. Na hora de disparar, o adolescente envolveu a arma com uma fronha para não deixar marcas de suas digitais.
Em seguida, disse o delegado, o garoto compartilhou uma foto da família morta na cama, o que sugere a frieza com que agiu.
O caso chegou à polícia na terça-feira (24), quando a avó paterna do adolescente foi com ele até a delegacia para registrar o desaparecimento da família. Aos agentes, ela contou que tentava contato desde sábado, mas ninguém atendia.
Na ocasião, o garoto disse à polícia que o irmão tinha se engasgado com um caco de vidro, e que os pais teriam saído de casa às pressas para socorrê-lo. Eles pegaram um carro de aplicativo e não mais voltaram para casa. A partir dessas informações, uma equipe da 143ª DP percorreu os hospitais da cidade, mas não encontrou qualquer registro em nome da família.
Com isso, o delegado solicitou perícia na casa, em Itaperuna, no interior do Rio. Ao chegar no local, os policiais encontraram manchas de sangue no colchão do casal, além de roupas ensaguentadas e com focos de queimado. Um forte odor de putrefação levou os agentes até uma cisterna no exterior da propriedade, onde localizaram os corpos.
"A quantidade de sangue era incompatível com o acidente doméstico que ele narrou para a gente. Depois que localizamos o corpo, ele confessou o crime", disse o delegado.
Os pais estavam em sono profundo quando foram baleados — segundo o garoto, eles haviam ingerido, por conta própria, um remédio para dormir. Na hora de disparar, o adolescente envolveu a arma com uma fronha para não deixar marcas de suas digitais.

