Pernambuco emite nota técnica sobre risco de metanol em bebidas adulteradas e orienta população
Documento detalha sintomas e reforça fiscalizações após casos suspeitos no Agreste de Pernambuco
A Agência Pernambucana de Vigilância Sanitária (Apevisa) divulgou, nesta quarta-feira (1º), uma nota técnica conjunta com a Secretaria Executiva de Vigilância em Saúde e Atenção Primária (SEVSAP) e a Secretaria Executiva de Atenção à Saúde (SEAS), reforçando os riscos da intoxicação por metanol em bebidas alcoólicas adulteradas. A medida foi anunciada em coletiva de imprensa na sede da Secretaria Estadual de Saúde, no Bongi, após a notificação de três casos suspeitos em Pernambuco.
As ocorrências envolvem três homens, dois residentes em Lajedo e um em João Alfredo, no Agreste. Todos foram atendidos no Hospital Mestre Vitalino, em Caruaru. Dois morreram e o terceiro recebeu alta hospitalar com perda bilateral da visão como sequela.
O alerta segue um cenário nacional: em São Paulo, até 29 de setembro, já haviam sido confirmados dez casos de intoxicação exógena por metanol, com três mortes associadas ao consumo de bebidas destiladas adulteradas, como gin, vodca e uísque, em bares e festas.
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Sintomas e riscos
De acordo com a nota técnica, o metanol é altamente tóxico e sua ingestão pode levar à morte. Os primeiros sintomas se confundem com os do consumo de álcool comum — náuseas, vômitos, dor abdominal, tontura e sonolência — mas entre seis e 24 horas após a ingestão podem surgir sinais graves, como visão turva, fotofobia, cegueira irreversível, convulsões, acidose metabólica e coma.
Além da ingestão, a nota também alerta para o risco de intoxicação ocupacional ou acidental, por inalação ou contato direto em ambientes industriais.
O documento orienta os serviços de saúde a notificar imediatamente casos suspeitos ao Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) e ao Cievs/PE, além de realizar busca ativa de pessoas que possam ter consumido bebidas da mesma origem. Também determina a coleta de amostras biológicas (sangue, urina e, em casos de óbito, humor vítreo) para análise laboratorial.
O tratamento deve ser iniciado mesmo antes da confirmação laboratorial e inclui suporte clínico, uso de antídotos específicos — como fomepizol ou etanol endovenoso — e hemodiálise nos casos mais graves.
Fiscalização e orientações
Apevisa e as vigilâncias municipais devem intensificar fiscalizações em estabelecimentos que vendem bebidas alcoólicas, recolher amostras suspeitas para análise laboratorial e interditar lotes ou pontos de venda em caso de irregularidades. As ações serão integradas a órgãos de defesa do consumidor, Ministério Público, Polícia Civil (Decon) e forças de segurança pública.
A nota também chama atenção para o impacto social e econômico de surtos de intoxicação por metanol, que podem provocar pânico social, afetar bares, restaurantes e distribuidores de bebidas, além de sobrecarregar os serviços de saúde.
Recomendações à população
À população, o órgão recomenda atenção redobrada: só comprar em locais confiáveis, verificar se há registro do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), rótulo completo, logotipo sem alterações e lacre em boas condições. Preços muito abaixo do mercado devem ser vistos como sinal de alerta.
O Estado dispõe do Centro de Informação e Assistência Toxicológica de Pernambuco (CIATox-PE), que funciona 24 horas pelo número 0800 722 6001. Denúncias podem ser feitas também à Ouvidoria da SES-PE (136), ao Procon-PE (0800 282 1512 / (81) 3181-7000 / [email protected]) e à Delegacia de Crimes contra o Consumidor – Decon (81 3184-3835 / [email protected]).

