Castillo pede a tribunal eleitoral peruano que respeite a vontade popular
O candidato solicitou que o tribunal anuncie uma decisão rápida sobre a impugnação de votos
O candidato de esquerda Pedro Castillo fez um apelo na terça-feira à noite ao tribunal eleitoral do Peru para que respeite a vontade popular e anuncie uma decisão rápida sobre a impugnação de votos, depois que a apuração final mostrou uma leve vantagem de sua candidatura sobre a rival de direita Keiko Fujimori.
"Peço às autoridades eleitorais que, de uma vez por todas, deixemos de prolongar e deixar o povo peruano em sofrimento, e que se respeite a vontade popular deste país", disse Castillo para milhares de seguidores durante um comício em Lima, após o anúncio da apuração final das urnas, nove dias após o segundo turno presidencial, mas antes de uma definição sobre os pedidos de impugnação de votos.
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"Esta noite não deve ser apenas de júbilo, mas de grande responsabilidade, não nos deixemos levar por ilusões nem pretensões (...) hoje começa a verdadeira batalha para terminar com as grandes desigualdades que a pátria tem", completou.
A apuração oficial de 100% das urnas foi anunciada na terça-feira e mostra o esquerdista Castillo com 50,12%, com 44.058 votos a mais que Fujimori, mas o Júri Nacional de Eleições (JNE) ainda deve tomar uma decisão sobre os pedidos de impugnação de votos antes de proclamar o vencedor.
Fujimori impugnou e pediu a anulação de quase 200.000 votos com a esperança de reverter a vantagem do rival.
Castillo, um professor da região rural de 51 anos, aproveitou a ocasião para saudar os observadores internacionais que destacaram a transparência da eleição peruana, incluindo uma missão da OEA.
"Agradeço aos organismos internacionais que se manifestaram e afirmaram que a festa democrática não teve nenhuma objeção, nenhuma alteração", disse.
Ele reiterou que seu governo respeitará o investimento privado, moderando sua posição a favor das estatizações expressada no início da campanha, e rejeitou comparações com o governo da Venezuela.
"Não somos chavistas, não somos comunistas, ninguém veio para desestabilizar este país, somos trabalhadores, somos lutadores, somos empreendedores e garantiremos uma economia estável", afirmou, em meio a aplausos.
O segundo turno de 6 de junho teve nível de participação de 74,5% e os observadores da Organização dos Estados Americanos (OEA) afirmaram em um relatório preliminar que o processo eleitoral foi limpo, "sem graves irregularidades".

