Conselheira próxima de Trump revela detalhes de relação conturbada com Elon Musk
Auxiliar do presidente elogiou bilionário sul-africano e reforçou que dono da Tesla enxergava republicano como "figura paterna"
Uma das principais auxiliares do presidente dos EUA, Donald Trump, Susie Wiles revelou detalhes da relação turbulenta entre o republicano e o bilionário Elon Musk. Segundo ela, a convivência entre o político e o bilionário começou com admiração mútua, mas terminou de forma abrupta e conflituosa.
Conhecida nos bastidores da política como a "dama de gelo", Susie é chefe de gabinete de Trump e tem acesso direto às principais reuniões da campanha, do gabinete e até mesmo da Sala de Situação da Casa Branca. Em entrevista ao jornal americano New York Post, ela comentou os bastidores da relação entre os dois, descrita por ela como uma "conexão quase paternal".
"Elon via o presidente como uma figura paterna", assegurou Wiles. "Trump sempre foi muito gentil com ele, e Elon tinha muito a oferecer", complementou.
De acordo com Wiles, Musk tinha acesso a informações, pessoas e tecnologias que podiam ser úteis ao governo.
"Foi uma parceria poderosa, enquanto durou", ressaltou.
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A relação, no entanto, começou a desandar no fim de maio, após Musk se afastar do grupo empresarial DOGE, ligado a iniciativas econômicas da campanha. Desde então, os ataques públicos se intensificaram.
Em publicações na plataforma X, Musk tem, inclusive, criticado duramente o republicano. Na rede social, ele cegou a afirmar que Trump "não merece confiança" por se recusar a divulgar os arquivos relacionados ao financista Jeffrey Epstein, morto em prisão preventiva sob acusações de abuso sexual.
Em junho, o bilionário publicou, mas apagou na sequência, uma postagem insinuando que Trump aparecia nos registros de Epstein.
"É por isso que esses documentos não vêm a público. Tenha um bom dia, DJT", escreveu o bilionário, usando as iniciais do ex-presidente.
Posteriormente, Musk pediu desculpas, mas voltou a provocar o ex-aliado recentemente ao dizer que Steve Bannon, ex-estrategista de Trump, também estaria envolvido com o caso, sem apresentar provas.
Trump respondeu, chamando Musk de "desastre ambulante" por causa das declarações feitas durante a madrugada, hora em que o sul-africano costuma usar a rede social.
Wiles, de 68 anos, evitou entrar diretamente na polêmica.
"Não entendo o que aconteceu", disse, ao ser questionada sobre o rompimento. "Foi muito problemático, mas prefiro enxergar como um contratempo", opinou a assessora.
Apesar do desentendimento, ela reconheceu a importância de Musk durante a transição do governo.
"Ele tem uma visão única sobre negócios, governo e pessoas. Sua percepção foi valiosa nos primeiros momentos do processo", elogiou.
No mês passado, Musk anunciou a criação de um novo partido político, batizado de America Party, ainda não registrado oficialmente, e prometeu lançar candidaturas contra todos os republicanos que votaram a favor de um pacote de gastos superior a US$ 3 trilhões, medida apoiada por Trump. Apenas cinco parlamentares do Partido Republicano votaram contra a proposta.
Apesar do racha entre os dois, Wiles teceu mais elogios ao empresário.
"Ele é um homem fascinante, vê o mundo de maneira diferente. Talvez por isso o presidente tenha se sentido tão próximo dele no início. É o homem mais rico do mundo, e, na minha opinião, talvez o mais inteligente também", disse ela.
Veterana da política, Susie Wiles já integrou a administração de Ronald Reagan e tem sido peça-chave na organização da campanha republicana, mantendo o presidente focado e disciplinado em meio a disputas internas e desafios legais.

