Corredores verdes ligarão florestas na APA Aldeia-Beberibe
Maciços florestais localizados serão interligados para permitir o livre deslocamento de animais entre eles
Importante por abrigar cerca de 31 mil hectares de Mata Atlântica preservados, distribuídos ao longo de oito municípios da Região Metropolitana do Recife, a Área de Proteção Ambiental (APA) Aldeia-Beberibe ganhará reforço em prol da sua preservação ambiental. A gestão estadual implantará corredores ecológicos para interligar maciços florestais dentro do território. Essa estratégia, que integra uma das metas do Sistema Estadual de Unidades de Conservação, é feita por meio de restauração florestal, como o plantio, e visa criar um acesso entre fragmentos florestais, permitindo o livre deslocamento de animais, dispersão de sementes e o aumento da cobertura vegetal.
Antes de implantar os corredores, será feito um mapeamento via satélite a fim de identificar as áreas prioritárias para recebê-los. O contrato estabelece o período de um ano para a conclusão do levantamento.
De acordo com a gestora da APA Aldeia-Beberibe, Cinthia Lima, o mapeamento auxiliará na definição dos métodos de recuperação ambiental específicos para cada área, de acordo com o uso e características do solo. “Como as imagens de satélite serão em alta resolução, isso nos dará uma maior precisão sobre como intervir em determinadas áreas. Por exemplo, algumas áreas precisarão ser isoladas para que a própria natureza se recupere sem intervenções. Em outras, precisaremos retirar a vegetação exótica (não nativa da Mata Atlântica) e substituí-la por mudas nativas”, detalha. A ordem de serviço do projeto, orçado em R$ 843 mil, foi assinada pela Secretaria de Planejamento e Gestão (Seplag), por meio da Executiva de Recursos Hídricos e do Programa de Sustentabilidade Hídrica de Pernambuco, em parceria com a Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH).
Embora seja uma unidade de conservação, a gestora chamou a atenção para a fragilidade da APA. Em 2015, inclusive, a Folha de Pernambuco acompanhou uma grande operação de fiscalização, que identificou desmatamento ilegal, plantação de espécies exóticas, como de bananeira e coqueiro, invasão, construções em áreas de nascentes de rios, loteamentos e empreendimentos sem licença ambiental da CPRH.
Diante desse cenário, ela destacou a importância de investir em corredores ecológicos. “Ao permitir essa ligação, diminui-se a fragmentação entre as florestas e se permite o fluxo gênico da fauna e flora. Muitos animais morrem ao tentar atravessar de uma floresta para outra, justamente por falta de um corredor ecológico entre elas. Além disso, quando temos vegetação numa área, temos fontes de água protegidas”, reforça Cinthia.
Serra do Giz
Um dos mais importantes sítios arqueológicos da pré-história nordestina, situado em Afogados da Ingazeira, no Sertão pernambucano, tem potencial para ser transformado em unidade de conservação, na categoria Parque Estadual. São 316 hectares de caatinga nativa que abrigam uma rica diversidade de espécies da flora e da fauna, inclusive, em risco de extinção. As pesquisas na área, feitas por técnicos do Centro de Pesquisas Ambientais do Nordeste (Cepan), integram o processo de implementação da unidade de conservação Serra do Giz, custeadas pela gestão estadual. “Sugerimos como a categoria mais adequada a de Parque Estadual, tendo em vista que as pinturas rupestres tornam o lugar um campo de pesquisa e visitação, e essa classificação permite compatibilizar a conservação com atividades de educação ambiental”, justifica o analista de projetos do Cepan, Joaquim Freitas.
O pintor-verdadeiro, gato-do-mato, jaguatirica e galo de campina estão entre os animais vulneráveis à extinção que encontram na Serra do Giz abrigo e segurança para sobreviverem.

