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SAÚDE

Dengue: Brasil tem queda de 76,2% nos casos no primeiro semestre de 2025

Após recorde de infecções e mortes no ano passado, país vive melhora do cenário, mas permanece com números em patamar elevado

Mosquito que transmite a dengueMosquito que transmite a dengue - Foto: Valery Hache/AFP

O Brasil registrou uma queda de 76,2% nos novos casos de dengue ao longo do primeiro semestre de 2025, em comparação com o mesmo período no ano anterior, mostram os dados do Painel de Monitoramento das Arboviroses do Ministério da Saúde.

Até a 26ª semana epidemiológica deste ano, período que terminou no dia 28 de junho, o país contabilizou 1,49 milhão de infecções, contra 6,27 milhões em 2024. No ano passado, o Brasil bateu o recorde de ano com mais casos e mortes por dengue de toda a série histórica.

Em relação aos óbitos, neste ano, foram 1.442 nos primeiros seis meses, 76,1% menos que os 6.034 registrados no primeiro semestre de 2024.

Para Leonardo Weissmann, infectologista do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, em São Paulo, e professor da Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP), a queda da arbovirose é provavelmente resultado de uma combinação de fatores:

— O principal é o comportamento cíclico da dengue. Após um ano epidêmico, como foi 2024, tende a haver uma redução natural no número de casos devido à maior proporção da população que adquiriu imunidade contra o sorotipo predominante. Além disso, ações de controle vetorial intensificadas em algumas regiões e o maior alerta da população e dos serviços de saúde também podem ter contribuído.

No entanto, ainda que o cenário seja de melhora, os números de 2025 permanecem elevados. Apenas o primeiro semestre já faz com que o ano seja o quinto com mais casos e o segundo com mais mortes da série histórica, que teve início em 2000.

— Isso indica que o país permanece em situação de alerta. A tendência para 2026 vai depender de múltiplos fatores: circulação de novos sorotipos, condições climáticas, como calor e chuvas, que favorecem a proliferação do Aedes aegypti, continuidade das ações de prevenção e, eventualmente, o impacto da vacinação nos locais onde já foi implementada. Não se pode descartar um novo aumento nos casos se houver reintrodução de sorotipos diferentes ou falhas no controle do vetor.

A vacinação contra a dengue, que entrou no Calendário Nacional de Vacinação do Brasil no ano passado, tem sido restrita a crianças e adolescentes entre 10 e 14 anos de localidades mapeadas pelo Ministério da Saúde com alta carga da doença. Isso porque o imunizante, o Qdenga, é produzido apenas pela farmacêutica japonesa Takeda, que tem uma capacidade limitada de doses para atender o Brasil.

Além disso, segundo a pasta da Saúde, os mais jovens foram selecionados por serem o segundo grupo com mais hospitalizações por dengue depois dos idosos. Os mais velhos não podem ser vacinados porque a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou o imunizante somente entre 4 e 60 anos com base no público que fez parte dos estudos clínicos.

Devido à oferta limitada, os especialistas explicam que deve levar anos até o país registrar uma cobertura vacinal ampla o suficiente para impactar na epidemiologia da dengue. Porém, uma boa notícia é que a Anvisa analisa uma nova vacina produzida nacionalmente pelo Instituto Butantan, em São Paulo, que pode acelerar esse processo.

Nos testes clínicos, a dose conferiu uma alta proteção, semelhante à observada nos estudos com a Qdenga. Além disso, enquanto a vacina japonesa demanda duas aplicações, a do Butantan funciona com uma dose única.

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