Entre glitter, lantejoulas e fantasias tradicionais, comércio do Centro do Recife traz Aquaman e La
Lojas tradicionais e barracas expõem modelos para quem quer curtir a folia
Carnaval é época de bloco, troça, e muita dança para aqueles que curtem cair na folia. Este ano celebrado de 1 a 5 de março, a festa representa a pluralidade social expressada pela mistura de blocos, que levam às ruas fantasias e adereços carnavalescos indispensáveis para boa parte dos foliões. Dos básicos aos mais extravagantes, os acessórios são responsáveis por colorir as ruas nos dias de festa popular.
No comércio do Centro do Recife, apesar do movimento ainda fraco na maioria das lojas, as estampas começam a aparecer nas vitrines. Lojistas apontam que, em comparação ao ano passado, a expectativa é de vendas maiores. Para Janaína Fernandes, 31, comerciante há 19 anos e gerente de uma loja no Centro da Capital, a expectativa é de que as vendas cresçam em relação ao ano passado. “A expectativa é de que as vendas cresçam em 10% em comparação ao ano de 2018. A gente está comprando, tendo a mesma variedade de peças, mas em menor quantidade este ano. Não dá para investir da mesma forma com o país do jeito que está”, referindo-se à crise econômica enfrentada pelo país.
Apesar do cenário ainda instável, entra ano; sai ano, e a variedade de fantasias e adereços só aumenta. Movimento no comércio que, muitas vezes, acompanha as novidades do mundo imagético. Do real e do online ao universo fictício, as fantasias mimetizam esses três mundos, de forma que muitas delas proporcionam experiências contemporâneas aos foliões que adoram sempre estar na moda. Um exemplo disso pode ser sentido na procura por fantasias inspiradas em séries, e de super heróis.
Janaína diz que este ano as fantasias básicas continuam sendo uma das mais procuradas. “As fantasias de pirata, marinheiro, transformers e a recém-novidade inspirada no super herói da Marvel, Aquaman, também estão entre as mais procuradas e que não saem de moda”, relata. Entre as "novidades" do ano, estão a do super-herói da Marvel Aquaman e de La Casa de Papel, série distribuída pela Netflix.
Há também quem aposte nas customizações das fantasias, como diz a gerente: “O pessoal está reaproveitando as peças com lantejoulas, repaginando bermudas, usando aplicação, utilizando o que tem. Muita gente gosta de brilho”. A moradora de Olinda, na Região Metropolitana do Recife, Olívia Deda, 63, que o diga. Para a festa, que pretende curtir na cidade de Águas de Lindoia (SP) junto com cinco amigas, vai usar blusas customizadas. "As camisetas já estão prontas, só falta o brilho", contou, animada em levar "um pouco do carnaval de Pernambuco para as marchinhas de São Paulo”. Precavida, ela foi logo ao Centro no início do mês para evitar a multidão de consumidores que se intensifica com a proximidade da festa.
Laudijane Guedes, 31 anos, que trabalha desde os 14 na barraquinha de fantasias deixada pelo pai na Rua das Calçadas, acredita que as vendas serão alavancadas por causa da volta às aulas. “Os pais precisam comprar fantasias para as crianças participarem dos eventos escolares”, diz a comerciante. Na barraquinha dela, onde o foco maior são as fantasias infantis, as mais procuradas são as de Mini; super heróis, como Zorro e Homem-Aranha; além de personagens da Turma do Chaves. O preço das roupas para a criançada varia de R$ 20 a R$ 70.
Apesar de grande parte dos entrevistados relatarem queda nas vendas para este Carnaval em comparação ao ano passado, a lojista Dayanna Tavares diz que o estabelecimento onde trabalha engatilhou desde o dia 2 de janeiro e que aproximadamente 600 pessoas visitam o estabelecimento diariamente. “Acredito que o verão esteja contribuindo para as vendas. De uma forma geral no comércio, houve uma baixa no início do ano por conta do Ano-novo, as pessoas ainda estavam penduradas com dívidas, mas a loja desde o início do ano começou a vender”, explica. Trazendo uma pegada inovadora, ela conta que os brincos e colares de neon já são os adereços mais vendidos no estabelecimento. O enfeite custa R$ 3, e pode ser encontrado nas cores rosa e verde.
Outra tendência bastante procurada para quem curte ainda mais brilho, são os famosos glitter corporal, glitter de unha e os chamativos batons de neon. Esses adereços custam em torno de R$ 10. Também podem ser encontradas máscaras que variam das mais produzidas, com enfeites coloridos que dão destaque ao rosto do folião, às mais simples. Assim como coroas de flores - enfeite para cabelo - e colares de búzios, e a tão procurada peruca carnavalesca. Esse último adereço varia de R$ 12 a R$ 35.
Em casa também se faz carnaval
No Centro, há muitos acessórios para quem deseja preparar a fantasia em casa. Dayanna destacou o investimento das pessoas nesse ramo. “Geralmente, elas buscam pulseiras, lantejoulas, glitter, no intuito de produzir e enfeitar da maneira que desejam em casa”, comenta. Nesse caso, a procura pelos dois adereços surge de forma diferente: “As pessoas geralmente procuram os acessórios de forma separada. Ao invés de comprarem a pulseira toda, levam apenas as bolinhas, por exemplo, para customizarem. A mesma coisa acontece com os colares de búzios”, explica.
Com propriedade sobre o assunto, Dayanna fala do processo de customização como uma terapia. Acontece que, em decorrência do desemprego, para a lojista, em outros carnavais, a confecção de fantasias já foi um empreendimento. “Para mim era uma espécie de terapia. Eu gostava de fazer para usar, mas depois comecei a vender. As pessoas têm a possibilidade de ganhar dinheiro confeccionando”, diz.