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PESQUISA

Estudo sobre os impactos de doenças na vida reprodutiva das mulheres inicia nova etapa em Pernambuco

Pesquisa investiga como doenças como a Zika e a Covid-19 influenciaram na tomada de decisões sobre maternidade e saúde sexual; estudo busca voluntárias pernambucanas

Entrevistadoras de campo visitarão mulheres em cidades da Região Metropolitana para coletar dados sobre saúde reprodutivaEntrevistadoras de campo visitarão mulheres em cidades da Região Metropolitana para coletar dados sobre saúde reprodutiva - Foto: Decode Zika and Covid (DZC)/Divulgação

Pesquisadoras iniciaram uma nova etapa da pesquisa Decode Zika and Covid (DZC), que busca entender como crises sucessivas de doenças infecciosas influenciaram a vida reprodutiva das mulheres brasileiras.

A pesquisa, liderada pela socióloga Letícia Marteleto, da Universidade da Pensilvânia, e coordenada no Brasil pela socióloga Ana Paula Portella, acompanha cerca de quatro mil mulheres em Pernambuco desde 2019.

O estudo investiga como doenças como a Zika e a Covid-19 influenciaram na tomada de decisões sobre maternidade, saúde sexual, condições de vida e bem-estar infantil. 

“Em um país amplo e diverso como o Brasil, o estudo explora como as experiências individuais e contextuais das mulheres, bem como as 'cicatrizes' de suas experiências com epidemias passadas, influenciam suas vidas reprodutivas antes, durante e depois da pandemia de Covid”, afirma a pesquisadora Letícia Marteleto.

Nesta etapa, o estudo inicia a quarta rodada de entrevistas e está em busca de novas participantes. A coleta de dados será feita de forma presencial, por meio de visitas domiciliares realizadas por pesquisadoras. 

Nas etapas anteriores, realizadas entre 2020 e 2021, o estudo revelou que 32% das mulheres mudaram de ideia sobre engravidar por causa da pandemia. O acesso à saúde foi dificultado para 36% das entrevistadas - um indice ainda maior entre mulheres negras, representando 44%. 

Segundo Letícia Marteleto, aquelas mais afetadas pelo Zika tendem a modificar suas intenções de serem mães, optando por adiar ou evitar uma nova gestação.

“As mulheres mais afetadas pelo Zika mudaram suas intenções, preferindo não ter filhos durante a Covid-19. Também descobrimos que as mulheres afetadas pelo Zika eram mais propensas a expressar que queriam a esterilização durante a Covid-19”, disse.

A pesquisa é financiada pelo Instituto Nacional de Saúde e Desenvolvimento Infantil e Humano Eunice Kennedy Shriver (NICHD) e conta com a colaboração de pesquisadores de instituições como a American University, a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). 

Novas voluntárias
A pesquisa está em busca de novas voluntárias para participar do estudo, especialmente mulheres que residam na Região Metropolitana do Recife. A coleta de dados será realizada através de entrevistas presenciais e telefônicas.

No formato presencial, as entrevistas serão feitas com mulheres entre 23 e 50 anos, sorteadas aleatoriamente durante o trabalho de campo. Já as entrevistas por telefone serão realizadas com participantes das fases anteriores do estudo, a fim de acompanhar suas decisões ao longo do tempo. 

As visitas são realizadas com total garantia de sigilo e segurança. A participação é fundamental para ajudar a entender os efeitos duradouros das crises sanitárias na vida reprodutiva das mulheres.

As interessadas podem acessar o site oficial do projeto para mais informações. 

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