Dom, 07 de Dezembro

Logo Folha de Pernambuco
EUA

EUA revogam designação de 'terrorista' de grupo rebelde que derrubou regime na Síria e assumiu poder

Medida, que entrará em vigor na terça-feira, ocorre dias depois de o presidente dos EUA, Donald Trump, desmantelar as sanções contra a Síria

Uma rosa é colocada em um rifle de um combatente rebelde sírio antes das orações semanais muçulmanas de sexta-feira na mesquita Umayyad, em Damasco  Foto: Aris MESSINIS / AFPUma rosa é colocada em um rifle de um combatente rebelde sírio antes das orações semanais muçulmanas de sexta-feira na mesquita Umayyad, em Damasco Foto: Aris MESSINIS / AFP - Foto: Aris Messinis

Os Estados Unidos anunciaram nesta segunda-feira que estavam revogando a designação de “organização terrorista estrangeira” do Hayat Tahrir al-Sham (HTS), um grupo outrora ligado à Al-Qaeda que derrubou o governo da Síria em dezembro.

A medida, que entrará em vigor na terça-feira, ocorre dias depois de o presidente dos EUA, Donald Trump, desmantelar as sanções contra a Síria.

“De acordo com a promessa do presidente (Donald) Trump, em 13 de maio, de aliviar as sanções à Síria, estou anunciando minha intenção de revogar a designação de Organização Terrorista Estrangeira (FTO) da Frente al-Nusrah, também conhecida como Hay'at Tahrir al-Sham (HTS)”, disse o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, em um comunicado.

Uma coalizão armada liderada pelo líder do HTS, Ahmed al-Sharaa, derrubou o então presidente da Síria, Bashar al-Assad, no ano passado, pondo fim a meio século de governo brutal da família dele.

Sharaa assumiu o cargo de presidente interino, uma medida que foi recebida com cautela em Washington, na Europa e em outros lugares, com o inimigo histórico Israel buscando estabelecer laços com o novo governo.

“A ação de amanhã segue a dissolução anunciada do HTS e o compromisso do governo sírio de combater o terrorismo em todas as suas formas”, acrescentou Rubio.

O HTS era conhecido anteriormente como Frente Al-Nusra, um o ramo da Al-Qaeda na Síria, mas rompeu os laços com o grupo jihadista em 2016 e procurou suavizar sua imagem.

A partir de 2017, o HTS reivindicou o controle de áreas da província de Idlib, no noroeste da Síria, e passou a desenvolver uma administração civil na área, em meio a acusações de abusos brutais contra aqueles que ousaram discordar.

Em janeiro, depois de derrubar o regime de Assad, as novas autoridades anunciaram a dissolução de todas as facções armadas, com alguns grupos, incluindo o HTS, sendo integrados a órgãos como a nova força policial do país.

Trump suspendeu a maioria das sanções contra a Síria em maio, respondendo aos apelos da Arábia Saudita e da Turquia para ajudar a reintegrar o país devastado pela guerra na economia global.

Os Estados Unidos já haviam removido uma recompensa pela cabeça de Sharaa depois que ele chegou ao poder.

Integração ao Exército sírio
Em dezembro, quando o HTS derrubou o governo da Síria, chefe militar do grupo, Murhaf Abu Qasra, declarou à AFP que "a próxima etapa" seria a dissolução dos grupos armados, começando pelo seu, e sua integração ao Exército sírio.

— Em todo o Estado, as unidades militares devem estar integradas na instituição [militar] — afirmou Qasra, conhecido pelo nome de guerra Abu Hassan al-Hamawi.

Segundo ele, o HTS seria "o primeiro" a se dissolver, obedecendo "ao interesse geral do país".

Além disso, o responsável militar afirmou que as novas autoridades desejam governar também nas áreas curdas do nordeste da Síria, atualmente nas mãos de uma administração semiautônoma, conhecida como Forças Democráticas Sírias (FDS). As FDS, compostas em sua maioria por curdos, recebem apoio dos Estados Unidos.

— A região atualmente controlada pelas Forças Democráticas Sírias será integrada na nova administração do país — disse. — O povo curdo é um dos componentes do povo sírio [...], a Síria não estará dividida e não haverá entidades federais.

O chefe militar do HTS também pediu o fim dos bombardeios e das "incursões" israelenses que se intensificaram desde a queda de Bashar al-Assad, sobretudo nas áreas próximas às Colinas de Golã, território reconhecido internacionalmente como parte da Síria, mas anexado por Israel em 1967, após a Guerra dos Seis Dias.

Veja também

Newsletter