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TENSÃO

Governo dos EUA encerrará todos seus contratos com Harvard

Trump intensifica sua pressão à universidade para que submeta a suas decisões

Trump intensifica pressão à Harvard Trump intensifica pressão à Harvard  - Foto: Sophie Park / TNYT | Andrew Caballero-Reynolds / AFP

O governo Trump deve cancelar os contratos federais restantes direcionados a Universidade Harvard, estimados em US$ 100 milhões (cerca de R$ 570 milhões na cotação atual), de acordo com uma carta enviada às agências federais nesta terça-feira.

O plano instrui as agências a "encontrarem fornecedores alternativos" para serviços futuros. Apesar de não abaixar a cabeça, Harvard sofre o impacto dos ataques da Casa Branca ao ensino superior, e os professores enfrentam um medo crescente enquanto o governo emite decreto após decreto, cortando a base financeira da escola.

A carta, da Administração de Serviços Gerais dos EUA, é o exemplo mais recente dos esforços do governo em colocar Harvard de joelhos, minando sua saúde financeira e influência global. Desde o mês passado, a administração já congelou cerca de US$ 3,2 bilhões (aproximadamente R$ 18 bilhões) em bolsas e contratos com Harvard. Além disso, ainda tentou impedir que a universidade matriculasse estudantes estrangeiros.

As agências federais, segundo a carta, devem responder até 6 de junho com uma lista de cancelamentos de contratos. Quaisquer contratos para serviços considerados críticos não seriam cancelados imediatamente, mas, sim, transferidos para outros fornecedores, de acordo com o texto, assinado por Josh Gruenbaum, comissário do serviço de aquisição federal da GSA, responsável pela aquisição de bens e serviços governamentais.

Para um funcionário do governo Trump, que preferiu não se identificar, esses cortes representam um "rompimento completo do relacionamento comercial de longa data do governo com Harvard". Segundo ele, contratos com cerca de nove agências seriam afetados.

Exemplos de contratos que seriam afetados, de acordo com um banco de dados federal, incluem um de US$ 49.858 (cerca de R$ 280 mil) do Instituto Nacional de Saúde para investigar os efeitos do consumo de café e um de US$ 25.800 (aproximadamente R$ 140 mil) do Departamento de Segurança Interna para treinamento de executivos.

“Daqui para frente, também incentivamos sua agência a buscar fornecedores alternativos para serviços futuros nos casos em que você já havia considerado Harvard”, diz a carta. O texto também afirmou que Harvard demonstrou uma "falta de comprometimento com a não discriminação e com os valores e prioridades nacionais".

O governo Trump classificou suas ações contra Harvard como uma luta por direitos civis. Acusou a universidade de preconceito liberal, de continuar a usar considerações raciais em suas políticas de admissão, apesar da proibição da Suprema Corte, e de permitir comportamento antissemita no campus.

A universidade, por sua vez, classifica a luta sobre seus direitos garantidos pela Primeira Emenda e acusa o governo de tentar controlar seu pessoal, currículo e matrículas.

Harvard não abaixou a cabeça
Diante das exigências do governo — que incluíam a proibição de estudantes "hostis aos valores americanos", uma auditoria da ideologia política de estudantes e professores para garantir "diversidade de pontos de vista" e atualizações trimestrais do status para a administração — Harvard reagiu enérgicamente no tribunal federal.

Em uma ação judicial movida no mês passado, Harvard buscou a restauração de mais de US$ 3 bilhões (R$ 17 bilhões) em financiamento federal. Em outra, movida na semana passada, a instituição solicitou a um tribunal o restabelecimento do direito de matricular estudantes estrangeiros, e uma audiência, presidida pela juíza Allison D. Burroughs, determinará se essa ordem deve ser estendida.

A universidade tem cerca de 6.800 estudantes estrangeiros, representando 27% do total de suas matrículas. O reitor de Harvard, Alan M. Garber, caracterizou o cancelamento da permissão para matricular estudantes internacionais como um golpe devastador.

“Condenamos esta ação ilegal e injustificada”, escreveu Garber em uma declaração na semana passada, acrescentando que ela “coloca em risco o futuro de milhares de estudantes e acadêmicos em Harvard e serve como um alerta para inúmeros outros em faculdades e universidades em todo o país que vieram para a América para prosseguir seus estudos e realizar seus sonhos”.

Durante sua campanha, Trump atacou as universidades de elite americanas, acusando-as de serem controladas por "maníacos e lunáticos marxistas", e prometeu aumentar os impostos sobre os retornos de investimentos das dotações universitárias, um plano aprovado pela Câmara dos Representantes. A provisão tributária, que ainda precisa da aprovação do Senado, custaria a Harvard, que tem uma dotação de cerca de US$ 850 milhões (quase R$ 5 bilhões) por ano.

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