Governo Trump ameaça descredenciar Universidade Columbia por "violação de leis antidiscriminação"
Departamento de Educação diz que instituição agiu com "indiferença deliberada em relação ao assédio de estudantes judeus" em seus campi, em novo ataque ao ensino superior
O Departamento de Educação dos EUA ameaçou descredenciar a Universidade Columbia, uma das mais importantes do país, alegando que a instituição violou leis federais antidiscriminação, uma acusação centrada no que as autoridades do governo do presidente Donald Trump veem como "indiferença" às acusações de antissemitismo no campus.
O anúncio vem em meio a uma ofensiva do republicano contra as universidades americanas, sob alegação de combate à discriminação mas que também é vista como uma forma da Casa Branca controlar os centros de produção acadêmica.
Em comunicado, o Escritório de Direitos Civis do Departamento de Educação afirma que notificou a comissão que avalia o credenciamento de instituições de ensino superior sobre uma "violação das leis federais antidiscriminação" por parte de Columbia, afirmando que, em sua opinião, a universidade "não atende aos padrões de credenciamento".
Leia também
• Musk intensifica ataques a projeto de lei de Trump nas redes sociais
• Trump: teto da dívida deve ser eliminado completamente para evitar catástrofe econômica
• Centenas de crianças migrantes são retiradas de suas casas e colocadas sob custódia do governo Trump
"Os 'Padrões de Credenciamento e Requisitos de Afiliação' afirmam que 'um candidato ou instituição credenciada possui ou demonstra... conformidade com todas as leis e regulamentos governamentais aplicáveis'. À luz da determinação, a Universidade Columbia parece não atender mais aos padrões", diz o texto, publicado na página do Departamento de Educação.
Dentro da cruzada trumpista contra instituições de nível superior nos EUA, Columbia foi um dos primeiros alvos. Após os ataques do Hamas, em outubro de 2023, e do início da guerra na Faixa de Gaza, a universidade se tornou epicentro de protestos contra o conflito, que alguns viram como atos de incitação à violência contra judeus.
A pressão, inicialmente política, veio de todos os cantos do espectro político americano, mas com a chegada de Trump à Casa Branca as ameaças passaram ao campo financeiro: sob ameaça de perder US$ 400 milhões em financiamento federal, Columbia cedeu à pressão do governo, e adotou mudanças criticadas internamente.
Mas como alertaram alguns ex-alunos de Columbia e analistas, fazer concessões não era garantia de que o assédio chegaria ao fim, como comprovou o comunicado emitido nesta quarta-feira pelo Departamento de Educação.
— Após o ataque terrorista do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023, a liderança da Universidade Columbia agiu com indiferença deliberada em relação ao assédio a estudantes judeus em seu campus. Isso não é apenas imoral, mas também ilegal — disse a secretária de Educação, Linda McMahon. — Esperamos que a comissão mantenha o departamento totalmente informado sobre as ações tomadas para garantir a conformidade da Columbia com os padrões de acreditação, incluindo a conformidade com as leis federais de direitos civis.
Em maio, uma investigação do Departamento de Saúde e Serviços Humanos sobre as alegações de antissemitismo no campus de Columbia determinou que a universidade violou um artigo da Lei de Direitos Civis, de 1964, que proíbe a discriminação com base em raça, cor e origem em programas e atividades que recebem financiamento federal.
Um mês antes, uma ordem executiva de Trump estabeleceu que universidades poderiam ser descredenciadas se violações do tipo fossem constatadas — na prática, o descredenciamento pode levar à perda de bilhões de dólares em bolsas, financiamento estudantil e outras verbas federais.
A universidade não se pronunciou.
Columbia é apenas uma das grandes universidades americanas sob pressão do governo Trump. A principal "algoz" é Harvard, a mais rica instituição de ensino do país, e que mesmo sob ameaça de perder bilhões de dólares em financiamento federal levou o governo Trump aos tribunais, obtendo algumas vitórias importantes. Na semana passada, uma juíza federal barrou uma ordem que impedia novas matrículas de estudantes estrangeiros, uma importante fonte de renda para Harvard. No cerne da disputa estão acusações de antissemitismo no campus e a recusa da universidade em entregar dados de seus alunos vindos de outros países.

