Ilha "mais isolada do mundo" é esvaziada por incêndio que ameaça "santuário da diversidade"
Patrimônio Mundial da Unesco, território das Terras Austrais e Antárticas Francesas é lar de 30 pessoas, que foram retiradas às pressas devido ao risco
Um incêndio que já dura três semanas levou ao esvaziamento da Ilha de Amsterdã, porção de terra que integra as Terras Austrais e Antárticas Francesas (TAAF), no Oceano Índico, e que ficou conhecida como a "ilha mais isolada do mundo". O fogo já destruiu quase metade da região, palco de pesquisas científicas por ser considerada um "santuário da diversidade". Os seus 30 moradores, entre cientistas, militares e técnicos, precisaram ser retirados às pressas do local.
As informações são da agência RFI, segundo a qual as autoridades francesas resolveram resgatar os moradores e deixaram o fogo se espalhar, sem intervir, dadas a distância e a dificuldade logística de chegar a essa ilha de 58 quilômetros quadrados, "perdida" entre as ilhas da Reunião e Kerguelen.
A região integra o Patrimônio Mundial da Unesco e recebe especial atenção de pesquisadores das mudanças climáticas. Ainda de acordo com a RFI, a geografia da ilha de Amsterdã oferece as "condições perfeitas" para a coleta e a análise de dados sobre qualidade do ar, o que a torna "um dos dois únicos locais no mundo dedicados ao estudo aprofundado da poluição atmosférica".
Depuis le 15 janvier, un incendie continue de ravager une partie de l’île Amsterdam. Les équipes des TAAF, entourées de leurs partenaires tels que l’État-major de zone, le SDIS de La Réunion, le CROSS et Météo-France, sont pleinement mobilisées. https://t.co/crcAd6Or1c pic.twitter.com/1UMIm6C2HJ
— Terres australes et antarctiques françaises (TAAF) (@TAAFofficiel) January 17, 2025
Apesar de ser desconhecida do grande público, a ilha é tema de pesquisas há mais de 50 anos, a partir de medições contínuas da concentração de gases de efeito estufa. É lar da terceira maior população de focas e elefantes-marinhos, além de abrigar raras espécies, como o albatroz de Amsterdã.
Essa rara biodiversidade é ameaçada por um incêndio registrado desde 15 de janeiro. As autoridades francesas preparam a ida de quatro bombeiros e sete técnicos para avaliar a situação, a depender das condições do tempo na região. O objetivo é identificar a origem do fogo e a extensão dos danos.

