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ESTADOS UNIDOS

Japão cria força-tarefa para negociar com Trump. Veja estratégia dos países que receberam ultimato

Juntas, as 14 nações que receberam cartas do governo americano com aviso de sobretaxa a partir de 1º de agosto exportaram US$ 465 bilhões para os EUA no ano passado

Presidente dos Estados Unidos, Donald TrumpPresidente dos Estados Unidos, Donald Trump - Foto: Andrew Caballero-Reynolds / AFP

Um dia depois de o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter enviado cartas a 14 países para informá-los sobre as novas tarifas que passarão a vigorar a partir de 1º de agosto, caso um acordo comercial com seu governo não seja alcançado, o primeiro-ministro do Japão, Shigeru Ishiba, convocou na manhã desta terça-feira uma força-tarefa de seu gabinete para tentar dar continuidade às negociações com Trump.

Ishiba disse que lamentava o fato de os EUA ter anunciado tarifas adicionais - no caso japonês de 25% - mas confirmou que o país continuará as negociações em busca de um acordo comercial bilateral que beneficie ambos os países. Outros parceiros comerciais dos EUA correm contra o tempo para chegar a um acordo antes de 1º de agosto.

Em 2 de abril, Trump anunciou as chamadas tarifas recíprocas, que passariam a incidir sobre as importações americanas. Logo depois, deu uma trégua de 90 dias para negociação. O prazo terminaria amanhã, mas o governo americano, na prática, deu mais três semanas para buscar um consenso, ao informar nas cartas emitidas aos parceiros o novo prazo para que as sobretaxas entrem em vigor .

Juntas, as 14 nações que receberam cartas do governo americano exportaram US$ 465 bilhões para os EUA no ano passado, segundo dados do Departamento de Comércio dos EUA. As tarifas citadas nas cartas são de até 40%

Veja abaixo como cada país é afetado e qual a estratégia para negociar um acordo com os EUA:

Japão
O Japão, aliado próximo de Washington e principal fonte de investimento estrangeiro nos Estados Unidos, já foi atingido por tarifas de 25% sobre sua indústria automobilística. Agora, pode enfrentar sobretaxas “recíprocas” de 25% sobre todos os produtos exportados para os EUA. Ainda assim, o patamar fica abaixo dos 35% inicialmente aventado em abril.

A força-tarefa convocada hoje pelo premier japonês vai conduzir as negociações com os diplomatas americanos.

Coreia do Sul
Já penalizada por tarifas sobre o aço e o setor automobilístico, a Coreia do Sul se vê ameaçada por uma sobretaxa de 25% sobre o restante de suas exportações, conforme a carta do governo Trump. O governo se mostrou otimista:

"Os Estados Unidos concordam (...) que ainda há tempo antes que as tarifas entrem em vigor e esperam que as duas partes possam chegar a um acordo", declarou o governo sul-coreano nesta terça-feira.

Mas o ministério das Finanças da Coreia do Sul alertou que, se as flutuações do mercado se tornarem “excessivas”, o governo tomará “ações imediatas e ousadas de acordo com seus planos de contingência”. A pasta, no entanto, não detalhou de imediato quais medidas poderiam ser adotadas.

Indonésia
Ameaçada por tarifas de 32%, a Indonésia pretende aumentar suas importações agrícolas e energéticas dos Estados Unidos para concluir um acordo, segundo declarou recentemente à AFP o ministro da Economia, Airlangga Hartarto.

Na segunda-feira, o governo anunciou que assinou um acordo para importar pelo menos um milhão de toneladas de trigo americano por ano durante os próximos cinco anos.

Camboja, Mianmar, Laos
Trump anunciou em abril uma tarifa de 49% sobre produtos vindos do Camboja. A carta enviada na segunda-feira reduz para 36% as tarifas para este pequeno país, que abriga diversas fábricas de propriedade chinesa.

Mianmar e Laos, sobre os quais Washington impôs uma tarifa de 40%, dependem fortemente dos investimentos chineses.

Tailândia
Ameaçada por tarifas de 36%, a Tailândia propõe melhorar o acesso ao seu mercado para produtos agrícolas e industriais dos Estados Unidos, além de aumentar suas compras nos setores energético e aeroespacial, para conseguir uma redução na alíquota.

Malásia
Paira sobre a Malásia, uma economia dividida entre China e Estados Unidos, uma tarifa de 25% a ser importa pelos americanos. Nesta terça-feira, o governo malaio afirmou estar “comprometido a continuar o diálogo com vistas a alcançar um acordo comercial equilibrado, mutuamente benéfico e abrangente”.

Bangladesh
Bangladesh, segundo maior produtor têxtil do mundo, está ameaçado por tarifas de 35%. Daca esperava assinar um acordo com os Estados Unidos no início deste mês.

Veja as novas tarifas ameaçadas por Trump
Essas sobretaxas vão entrar em vigor a partir de 1º de agosto, caso EUA e esses países não cheguem a um acordo.

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