Juan Carlos I visita Madri e reencontra filho após quase dois anos
Foi a primeira visita do antigo rei após pouco menos de dois anos de deixar a Espanha
Juan Carlos I visitava nesta segunda-feira (23) em Madri o atual rei, seu filho Felipe VI, para um dia em família que encerrará uma primeira e controversa visita a Espanha depois de quase dois anos no exterior, perseguido por suspeitas de corrupção.
O rei emérito chegou ao Palácio da Zarzuela por volta das 10h (5h de Brasília), confirmou a AFP, procedente de Sanxenxo (noroeste), onde chegou quinta-feira para passar o fim de semana assistindo a uma competição de vela, seu esporte favorito.
Desde que partiu para os Emirados Árabes Unidos em agosto de 2020, suspeito de lavagem de dinheiro e corrupção, Juan Carlos I não via pessoalmente sua esposa Sofía, de quem já estava distanciado, nem seu filho, que desde então tenta se distanciar do pai.
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As investigações foram arquivadas, entre outros motivos, pela imunidade conferida do anterior chefe de Estado e porque os possíveis crimes haviam prescrito, o que agravou a polêmica sobre seu retorno.
"Acho que nestes dias de visita, o rei Juan Carlos perdeu uma oportunidade de se explicar e pedir desculpas", lamentou nesta segunda-feira a porta-voz do governo de esquerda, Isabel Rodríguez, em declarações à rádio pública RNE.
Felipe VI nunca visitou seu pai no exílio e, oficialmente, nunca falou com ele ao telefone até a semana passada, quando concordaram com esta visita que terminará com o retorno do rei emérito a Abu Dhabi hoje em um em jato particular.
Juan Carlos I já tem marcada sua próxima viagem: será em meados de junho, novamente para Sanxenxo, onde se hospeda na casa de seu amigo e parceiro de vela da equipe "Bribón", Pedro Campos.
O retorno à Espanha é uma questão espinhosa. O jornal El País noticiou que foi precedida por três meses de negociações entre Felipe VI, o governo e Juan Carlos I, com um mediador cuja identidade não foi divulgada.
O governo teria se oposto ao monarca dormir no palácio da Zarzuela no seu retorno, por ser a residência oficial do chefe de Estado.
Em Sanxenxo, Juan Carlos fez algumas breves declarações, que não passaram despercebidas.
"Explicações de quê?", respondeu secamente no domingo, quando perguntado se conversaria com o filho sobre os assuntos pelos quais foi investigado.
"O que vou dizer a ele? O que você diria ao seu filho?", lançou a uma jornalista que lhe perguntou sobre o que conversaria com Felipe VI.
Em 2014, Juan Carlos abdicou em favor de seu filho e justificou seu exílio em Abu Dhabi pela necessidade de "facilitar" o trabalho do novo monarca.
Em março de 2020, Felipe VI renunciou à herança de seu pai e retirou seu salário anual de quase 200.000 euros.
Mais recentemente, no final de abril, iniciou uma operação de "transparência" com o governo Sánchez na Casa Real, que agora deve auditar suas contas, tornar públicos seus contratos e fazer um inventário dos presentes recebidos.

