Julgamento: "Esse dia não era pra existir. Era pra ela estar aqui", diz então assessora de Marielle
Fernanda Chave é a primeira testemunha a depor no julgamento dos ex-policiais militares Élcio de Queiroz e Ronnie Lessa
Fernanda Chaves, então assessora da vereadora Marielle Franco e sobrevivente do ataque a tiros que matou a parlamentar em março de 2018, relatou, falou em depoimento no Tribunal do Júri sobre o impacto emocional do crime em sua vida e de sua família.
Fernanda, primeira testemunha a depor no júri dos ex-policiais militares Élcio de Queiroz e Ronnie Lessa, foi obrigada a sair do Brasil por segurança, e não pode participar do velório e dos ritos de despedida da amiga.
— Ela faz muita falta. Não consigo descrever. Marielle era minha madrinha de casamento, madrinha da minha filha, estava presente todos os dias, em muitos momentos da minha vida, éramos muito próximas. A falta é absurda. Esse dia não era pra existir, era pra ela estar aqui — disse Fernanda.
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Ao ser questionada por um dos promotores do Ministério Público do Rio, Fernanda Chaves disse que, apesar de Marielle ter “um olhar cuidadoso” para colegas parlamentares que já haviam sido ameaçados, a vereadora não se sentia sob ataque pelo trabalho desempenhado na Câmara dos Vereadores.
Sobre a questão fundiária na Câmara, Fernanda falou do envolvimento de Marielle com o tema e sua atuação na cidade:
— Marielle era, por princípio, uma defensora de Diretos Humanos. E dentro desse escopo tinha uma preocupação muito grande da Marielle com relação em defesa da moradia. Sempre foi pauta da Marielle, desde antes de ela ser vereadora. Meu marido, por exemplo, conheceu a Marielle numa atividade na Zona Oeste, no bairro do Anil, se não me engano, numa atividade das remoções para a construção da Vila Autódromo, para os grandes eventos do Rio de Janeiro. Isso foi 10 anos antes da Marielle ser vereadora.