Laura Loomer: ativista da extrema direita que teria influenciado Trump a demitir chefe da Segurança
Defensora do presidente americano, influenciadora de 31 anos tem um histórico de falas racistas, sexistas, homofóbicos e islamofóbicos e é criticada até por republicanos
Laura Loomer, uma figura da extrema direita nos Estados Unidos conhecida por sua presença nas redes sociais, pareceu ter sido deixada de lado em certos momentos pela campanha do republicano Donald Trump – e até depois, nos primeiros momentos de sua nova administração.
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No entanto, ela sempre teve a atenção do presidente, e, em seu mais recente sinal de influência, parece tê-lo convencido a demitir funcionários do Conselho de Segurança Nacional em uma reunião no Salão Oval na última quarta-feira.
A interferência de Loomer ocorreu no momento em que a equipe do presidente enfrenta questionamentos não apenas sobre o motivo pelo qual usava o Signal – um aplicativo de mensagens criptografadas de acesso público – para discutir uma operação militar no Iêmen, mas também sobre como um jornalista foi adicionado por engano ao grupo de conversa. Enquanto nenhum membro envolvido no escândalo foi responsabilizado, porém, o general Tim Haugh, chefe da Agência de Segurança Nacional (NSA), e sua vice, Wendy Noble, foram demitidos nesta semana – e Loomer pareceu reivindicar o crédito:
“Sabe como você percebe que os funcionários do Conselho de Segurança Nacional que relatei ao presidente são pessoas desleais que desempenharam um papel na sabotagem de Donald Trump?”, escreveu ela no X, destacando em seguida que “os funcionários demitidos” estavam sendo defendidos por críticos de Trump na CNN e na MSNBC.
Loomer, de 31 anos, está envolvida na política como defensora de Trump.
Ela concorreu sem sucesso ao Congresso duas vezes, em 2020 e 2022, no sul da Flórida, e ficou conhecida por protestos como o de quando pulou a cerca de uma casa da então presidente da Câmara, Nancy Pelosi. Ela diz ter sido convidada para eventos em Mar-a-Lago após liderar ataques contra o governador da Flórida, Ron DeSantis, que se preparava para disputar a nomeação presidencial republicana contra Trump em 2024.
No ano passado, Loomer acompanhou Trump em suas viagens a Nova York e Pensilvânia em 11 de setembro.
No dia anterior, foi vista desembarcando do avião do republicano após ele pousar na Filadélfia para um debate contra a então vice-presidente Kamala Harris. Loomer afirmou que participou nesses dias como convidada pessoal, acrescentando que nunca entrou oficialmente para a campanha porque aliados de Trump preferiam que ele mantivesse distância dela.
Loomer tem um histórico de falas racistas, sexistas, homofóbicos e islamofóbicos.
Ela já descreveu o Islã como um “câncer”, usou a hashtag "#proudislamophobe" (“orgulhosa islamofóbica”) e, certa vez, pareceu comemorar a morte de migrantes no Mediterrâneo.
Em 2018, após ser banida do Twitter por conteúdos frequentes contra muçulmanos, ela, que é judia, se algemou à sede da empresa em Nova York e usou uma Estrela de Davi amarela semelhante à que os nazistas forçavam os judeus a usar.
Após Elon Musk comprar o Twitter, sua conta foi restaurada e, desde então, ela construiu uma base de mais de 1,2 milhão de seguidores no site (agora chamado X).
Ela também tem um programa na web, onde elogia Trump e ataca ferozmente qualquer um que considere um rival.
Dois dias antes de viajar com Trump para o debate no ano passado, Loomer escreveu que, se a então vice-presidente Kamala Harris, cuja mãe era indiana-americana, ganhasse a eleição, a Casa Branca “cheiraria a curry”.
Mudança na linguagem: Casa Branca adota estilo de comunicação da extrema direita
Em dezembro, Loomer entrou em uma disputa com Musk, que nasceu na África do Sul, devido a posições opostas sobre o uso de vistos para trabalhadores qualificados, com a ativista alegando que esses vistos vão contra a agenda “América em Primeiro Lugar” do presidente. Na ocasião, sua conta no X foi temporariamente suspensa, e, por algum tempo após a briga, ela disse ter perdido acesso a outros recursos pagos da plataforma.
Em uma ocasião, ela também compartilhou um vídeo no X dizendo que “o 11 de setembro foi um trabalho interno!”.
A teoria da conspiração de que autoridades dos EUA esconderam informações sobre os ataques de 11 de setembro, ou até participaram de seu planejamento, ganhou força entre um grupo determinado de “buscadores da verdade”.
No entanto, muitas das alegações desses teóricos caíram por terra quando submetidas a um exame mais detalhado, e Loomer foi criticada.
O senador Thom Tillis, da Carolina do Norte, já chamou Loomer de “teórica da conspiração maluca que regularmente profere lixo repugnante para dividir os republicanos”.
Ela respondeu chamando Tillis de “RINO” (Republican in Name Only, ou “republicano apenas no nome”) e o acusou de ter traído Trump após os eventos de 6 de janeiro.
Mas ele não foi o único. A deputada Marjorie Taylor Greene, que já teve Loomer como aliada, escreveu no X que a postagem da ativista sobre curry era “horrível e extremamente racista”, afirmando que isso “não representa” os republicanos ou o movimento MAGA (“Tornar a América Grande Novamente”). Loomer, por sua vez, acusou Greene de estar com ciúmes de seu acesso a Trump. O senador Lindsey Graham, da Carolina do Sul, por sua vez, chamou Loomer de “muito tóxica”.
No ano passado, Trump defendeu a influenciadora da extrema direita, ressaltando que ela é uma de suas apoiadoras e que não a controla porque ela “é um espírito livre”. Nas redes sociais, escreveu:
“Discordo das declarações que ela fez, mas, assim como milhões de pessoas que me apoiam, ela está cansada de ver os marxistas e fascistas da esquerda radical me atacarem e me difamarem violentamente”, escreveu ele no Truth Social, sem especificar quais declarações de Loomer ele estava falando. (Com New York Times)

