Sáb, 06 de Dezembro

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Macron busca primeiro-ministro para uma Franç

Macron busca primeiro-ministro para uma França em "turbulência"

O Parlamento derrubou o segundo governo francês em nove meses na segunda-feira (9), dias antes de uma jornada de protestos convocada nas redes sociais sob o lema "Vamos bloquear tudo"

Macron busca primeiro-ministro para uma França em 'turbulência'Macron busca primeiro-ministro para uma França em 'turbulência' - Foto: Tom Nicholson/Pool/AFP/Arquivo

O primeiro-ministro francês, François Bayrou, apresentou nesta terça-feira (9) sua renúncia ao presidente Emmanuel Macron, que precisa encontrar rapidamente um sucessor para evitar o agravamento da crise em uma França em "turbulência".

O Parlamento derrubou o segundo governo em nove meses na segunda-feira, dias antes de uma jornada de protestos convocada nas redes sociais sob o lema "Vamos bloquear tudo" e da revisão da classificação da nota de crédito da França pela agência Fitch.

"Precisamos de um primeiro-ministro muito rapidamente (...). É essencial, inclusive para manter a ordem", instou o ministro do Interior, Bruno Retailleau, após uma reunião de seu partido conservador, Os Republicanos (LR).

Bayrou chegou às 13h30 (8h30 de Brasília) ao Palácio do Eliseu, sede da presidência, para apresentar sua renúncia.

O presidente prometeu que nomearia o sucessor de Bayrou "nos próximos dias", mas a tarefa parece difícil, dada a fragmentação política na Assembleia Nacional, sem maiorias estáveis desde 2024.

Em junho daquele ano, Macron decidiu inesperadamente convocar eleições legislativas antecipadas, que deixaram a Câmara Baixa dividida em três blocos principais: a esquerda, a centro-direita (no poder) e a extrema direita.

Ruptura ou continuidade?
Embora a esquerda tenha vencido as eleições, Macron decidiu nomear o conservador Michel Barnier como primeiro-ministro em setembro, em nome da "estabilidade", e o centrista François Bayrou, em dezembro.

A oposição, que provocou a queda de ambos no Parlamento, já havia alertado que, sem uma mudança na política em relação aos oito anos de "macronismo", o novo governo sofreria o mesmo destino.

Embora Macron tenha pedido ao seu governo de centro-direita que se aproximasse da oposição socialista, ele poderia, em vez disso, nomear alguém "de confiança", segundo pessoas próximas a ele.

Desde segunda-feira à noite, o nome mais mencionado é o do ministro da Defesa, Sébastien Lecornu, que já estava na disputa em dezembro.

Os socialistas, por outro lado, defendem um "governo de esquerda" e propõem a suspensão da reforma da previdência de 2023 e o aumento de impostos sobre grandes fortunas, dois sinais de alerta para o partido no poder.

Setembro "de atrocidades"
O tempo está se esgotando. Protestos estão marcados para quarta-feira, apoiados pela esquerda radical. As autoridades temem um movimento como o dos "coletes amarelos" (2018-2019), que abalou o primeiro mandato de Macron.

"Estamos em um setembro propício para todo tipo de atrocidades", alertou Retailleau, referindo-se também à greve "massiva" convocada pelos sindicatos para 18 de setembro.

O gatilho foi o projeto de orçamento para 2026, que levou à queda de Bayrou. Ele planejava 44 bilhões de euros (US$ 51,6 bilhões ou R$ 280 bilhões) em cortes e a eliminação de dois feriados.

Na segunda-feira, milhares de pessoas celebraram sua queda em várias cidades. "Durante o verão, ele preparou um plano de austeridade massivo, às costas do povo francês", afirmou aliviado David Dibilio, um desempregado de 55 anos em Marselha.

As autoridades anunciaram a mobilização de quase 80.000 policiais durante os protestos de quarta-feira, que incluem bloqueios de empresas, estradas e universidades.

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