Ter, 16 de Dezembro

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OPERAÇÃO CONTENÇÃO

Comissão de Direitos Humanos da OEA chega ao Brasil para apurar abusos de megaoperação na Rio

Objetivo é "observar in loco a situação de segurança cidadã no contexto da intervenção policial denominada Operação Contenção"

Missão da Comissão de Direitos Humanos da OEA chega ao Brasil para apurar abusos de megaoperaçãoMissão da Comissão de Direitos Humanos da OEA chega ao Brasil para apurar abusos de megaoperação - Foto: Eusébio Gomes/TV Brasil

Diante da existência de informações que indicam possíveis violações e abusos das forças policiais, uma comitiva da Comissão Interamericana de Direitos Humanos chega ao Brasil nesta terça-feira para apurar denúncias na megaoperação policial que deixou 122 mortos, dos quais 117 suspeitos e cinco policiais, nos complexos da Penha e Alemão, considerada a mais letal da história do país.

Nesta segunda-feira, o Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) denunciou seis policiais militares do Batalhão de Choque por crimes cometidos durante a ação. Eles teriam roubado armamentos, peças de veículos e ainda tentaram obstruir o funcionamento das câmeras corporais.

O Globo apurou que integrantes da CIDH, órgão independente que integra o sistema da Organização dos Estados Americanos (OEA), desembarcam em Brasília e, em seguida, viajam ao Rio de Janeiro, onde permanecerão até o dia 6 de dezembro.

O objetivo da missão é "observar in loco a situação de segurança cidadã no contexto da intervenção policial denominada Operação Contenção”. A delegação será formada pelo presidente da CIDH, comissário José Luis Caballero (chefe da delegação); pela secretária-executiva Tania Reneaum Panszi; e pela secretária-executiva adjunta, Maria Claudia Pulido, além de pessoal técnico da comissão.

A CIDH realizará reuniões com autoridades de distintos níveis do Estado em Brasília e no Rio, assim como vítimas, familiares, organizações da sociedade civil, representantes acadêmicos e "outros atores relevantes".

De acordo com a comissão, os encontros buscam recolher informações diretas e avaliar o cumprimento das obrigações internacionais do Estado em matéria de direitos humanos.

A CIDH conta com a anuência do Estado Brasileiro para realizar esta missão. A comissão será recebida por representantes dos ministérios da Justiça, Direitos Humanos e Casa Civil.

Nesta sexta-feira, a Corregedoria da Polícia Militar prendeu cinco agentes do Batalhão de Choque suspeitos de cometer crimes durante a megaoperação. Uma das suspeitas levantadas pela Corregedoria, com base na análise das imagens das câmeras operacionais portáteis, é o furto de um fuzil durante a ação — arma que, segundo a apuração, seria revendida a criminosos.

No mês passado, três dias após a operação, a CIDH se posicionou contra a megaoperação policial nos complexos da Penha e do Alemão, Zona Norte do Rio. A entidade afirmou que "condena veementemente o número extremamente alto de mortes registradas no contexto da 'Operação de Contenção'. E cobrou do Estado uma investigação "imediata, diligente e independente dos acontecimentos, considerando toda a cadeia de comando", a responsabilização dos responsáveis e a reparação integral às vítimas e a seus parentes. A OAB-RJ, por sua vez, anunciou que criou um observatório para acompanhar os desdobramentos da ação.

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