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ENCONTRO

A criação do estado palestino foi um dos pontos no encontro de Trump e o príncipe da Arábia

A avaliação foi do jornalista e especialista em Oriente Médio, Jayme Spitzcovsky

A criação do estado palestino foi um dos pontos no encontro de Trump e o príncipe da Arábia, analisa especialista.A criação do estado palestino foi um dos pontos no encontro de Trump e o príncipe da Arábia, analisa especialista. - Foto: Divulgação

A criação de um Estado palestino e a retomada dos Acordos de Abraão devem dominar a pauta dos encontros entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o príncipe-herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman, recebido nesta terça-feira (18) na Casa Branca. A análise é do jornalista e especialista em Oriente Médio, Jayme Spitzcovsky, que esteve no Recife no último domingo (16) para uma palestra sobre a situação na região, a convite da Federação Israelita de Pernambuco.

Spitzcovsky destacou que a relação de Trump com os sauditas segue uma lógica de prioridade estratégica. Ele lembrou que “a primeira viagem internacional que Trump fez no seu primeiro mandato foi para a Arábia Saudita”. E, no segundo mandato, excetuando o funeral do Papa Francisco, também foi para lá. Para o especialista, esse gesto reforça o peso da parceria entre Washington e Riad.

Segundo ele, Trump e Bin Salman devem avançar em negociações envolvendo um possível acordo de defesa ampliado entre Estados Unidos e Arábia Saudita, com a inclusão de venda de aviões e armamentos norte-americanos. Mas, de acordo com Spitzcovsky, o presidente norte-americano deve pressionar os sauditas pela retomada dos Acordos de Abraão, iniciativa que aproxima Israel de países árabes e muçulmanos.

“Trump vai cobrar é a retomada dos acordos”, afirmou. Por outro lado, explicou o especialista, a Arábia Saudita deve insistir que só seguirá adiante se houver um movimento claro de Israel em direção à criação de um Estado palestino. “Essa é a demanda histórica deles. Eles querem um caminho claro para a criação”, disse, lembrando que, pouco antes do ataque do Hamas a Israel, em 7 de outubro de 2023, e do início da guerra, as negociações entre sauditas e israelenses vinham avançando.

Acordo

Spitzcovsky também citou que o acordo de cessar-fogo mais recente, negociado por Estados Unidos, Catar e Turquia, menciona a criação de um Estado palestino, embora não apresente um cronograma. Ele pontua que ainda não há interesse real, no momento, em um acordo de paz completo, já que vários temas sensíveis permanecem sem consenso. Esse debate tende a ganhar força no ano que vem, com as eleições em Israel previstas para outubro.

Para o jornalista, Trump ocupa posição singular nesse cenário. “Se tem uma pessoa, hoje, com capacidade de influenciar a opinião pública israelense, de forma decisiva, é Trump. E é do seu interesse que acordos avancem”, avaliou.

Os Acordos de Abraão já foram firmados entre Israel e Emirados Árabes Unidos, Bahrein, Sudão, Marrocos e, na última semana, com o Cazaquistão.

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