Qua, 17 de Dezembro

Logo Folha de Pernambuco
novas tecnologias

OMS busca estabelecer base científica para a medicina tradicional

Encontro em Nova Délhi examinará como os governos podem utilizar novas ferramentas na medicina tradicional para que seja compatível com os sistemas modernos de saúde

OMS busca estabelecer base científica para a medicina tradicionalOMS busca estabelecer base científica para a medicina tradicional - Foto: Fabrice Coffrini / AFP

A Organização Mundial da Saúde (OMS) abre nesta quarta-feira (17) uma conferência com o objetivo de estabelecer uma base científica para a medicina tradicional por meio de novas tecnologias, como a Inteligência Artificial (IA).

O encontro em Nova Délhi examinará como os governos podem regulamentar a medicina tradicional utilizando novas ferramentas para que seja compatível com os sistemas modernos de saúde.

O primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, afirmou que a conferência de três dias "intensificará os esforços para aproveitar" o potencial da medicina tradicional.

Modi é um defensor da ioga e das práticas tradicionais de saúde e apoiou o Centro Global de Medicina Tradicional da OMS, criado em 2022 e com sede em seu estado natal de Gujarat.

O organismo da ONU define as medicinas tradicionais como o conhecimento acumulado, as habilidades e as práticas utilizadas ao longo do tempo para manter a saúde e prevenir, diagnosticar e tratar doenças físicas e mentais.

Sylvie Briand, cientista-chefe da OMS, acredita que a IA pode ajudar a analisar a interação entre medicamentos, como no caso das ervas medicinais.

A IA "pode examinar milhões de compostos, nos ajudando a compreender a estrutura complexa dos produtos fitoterápicos e a extrair os componentes relevantes para maximizar o benefício e minimizar os efeitos adversos", declarou à imprensa.

Shyama Kurvilla, diretora do Centro Global de Medicina Tradicional, afirmou que as práticas são "uma realidade mundial", utilizadas por entre 40% e 90% da população em 90% dos países membros da OMS.

"Com metade da população mundial sem acesso a serviços essenciais de saúde, a medicina tradicional é frequentemente o atendimento mais próximo — ou o único disponível — para muitas pessoas", disse à AFP.

Contudo, muitas vezes a medicina tradicional carece de valor científico comprovado e os ambientalistas alertam que a demanda por certos produtos estimula o tráfico de espécies ameaçadas, como tigres, rinocerontes e pangolins.

Kurvilla, que estudou na 'London School of Hygiene and Tropical Medicine' e foi professora de Política de Saúde Global na Universidade de Boston, afirmou que "40% ou mais da medicina biomédica ocidental, incluindo os produtos farmacêuticos, derivam de produtos naturais".

Ela citou o exemplo da aspirina, cuja fórmula é baseada na casca do salgueiro, ou das pílulas anticoncepcionais, desenvolvidas a partir das raízes do inhame.

Veja também

Newsletter