Sáb, 06 de Dezembro

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ONU registra forte apoio à solução de 2 Estados no Oriente Médio

Emmanuel Macron anunciou que o seu país reconhecerá formalmente o Estado palestino na próxima Assembleia Geral da ONU, em setembro.

Palestinos estão sendo deslocados de suas casas através da destruição que segue sendo imposta por IsraelPalestinos estão sendo deslocados de suas casas através da destruição que segue sendo imposta por Israel - Foto: AFP

A solução de dois Estados para pôr fim ao conflito entre Israel e Palestina, que já dura mais de sete décadas, recebeu um forte apoio na ONU nesta segunda-feira (28) durante uma conferência ministerial convocada pela Assembleia Geral, que foi boicotada por Estados Unidos e Israel.

Após quase dois anos de guerra de Israel contra o Hamas em Gaza, "somente uma solução política de dois Estados pode responder às legítimas aspirações de israelenses e palestinos de viverem em paz e segurança. Não há alternativa", declarou o chanceler da França, Jean-Noël Barrot.

"É ilusório esperar um cessar-fogo duradouro sem ter uma visão comum do pós-guerra em Gaza, sem traçar um horizonte político e uma alternativa ao estado de guerra permanente", insistiu.

A reunião, presidida pela França junto com a Arábia Saudita, ocorre quatro dias depois de o presidente francês, Emmanuel Macron, ter anunciado que o seu país reconhecerá formalmente o Estado palestino na próxima Assembleia Geral da ONU, em setembro.

Luxemburgo, por sua vez, insinuou nesta segunda que poderia seguir o exemplo da França, e outros países poderiam anunciar planos similares quando a conferência for retomada nesta terça.

Pelo menos 142 dos 193 países-membros da ONU reconhecem o Estado palestino proclamado pelos líderes palestinos no exílio em 1988, segundo um levantamento da AFP.

Contudo, nem Estados Unidos nem Israel participam da reunião. O Departamento de Estado americano a classificou de "truque publicitário" que dificultará a busca pela paz e "recompensa o terrorismo". Por sua vez, o embaixador de Israel na ONU, Danny Danon, disse que ela "não promove uma solução".

No entanto, o chanceler saudita, príncipe Faisal bin Farhan, tem confiança de que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, seja "um catalisador para pôr fim à crise imediata em Gaza e, potencialmente, para resolver o conflito palestino-israelense no longo prazo".

"Um Estado palestino independente é a chave para a paz na região", afirmou, ao acrescentar que sua criação é a condição para a normalização das relações de seu país com Israel.

Para o chanceler espanhol, José Manuel Albares, tanto o povo israelense quanto o povo palestino "têm direito a um futuro com segurança e paz".

'Mais longe do que nunca' 

Mas os mais de 21 meses de guerra em Gaza, a contínua expansão dos assentamentos israelenses na Cisjordânia e as declarações de autoridades israelenses sobre anexação de território ocupado causam temores de que um Estado palestino torne-se geograficamente impossível.

A guerra atual em Gaza começou após um ataque sem precedentes do Hamas contra Israel, que respondeu com uma campanha militar de grande escala que tirou dezenas de milhares de vidas e destruiu grande parte da infraestrutura do território.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, lembrou que "a solução de dois Estados está mais longe do que nunca".

"Sejamos claros, a anexação insidiosa da Cisjordânia é ilegal, deve ser interrompida. A destruição em larga escala de Gaza é intolerável, deve acabar", insistiu, denunciando as ações "unilaterais" que podem "minar para sempre" a solução de dois Estados.

Em 1947, em uma resolução aprovada pela Assembleia Geral, as Nações Unidas decidiram dividir a Palestina, então sob mandato britânico, em um Estado judeu e outro árabe. No ano seguinte, foi proclamado o Estado de Israel.

Durante décadas, a maioria dos membros da ONU apoiou uma solução de dois Estados, com Israel e um Estado palestino coexistindo.

'Hamas deve entregar armas' 

A conferência também pretende focar na reforma da governança da Autoridade Palestina, no desarmamento do movimento islamista Hamas e na sua exclusão do governo palestino, e na normalização das relações com Israel pelos Estados árabes que ainda não o fizeram.

O primeiro-ministro palestino Mohammad Mustafa pediu ao movimento islamista que controla a Faixa de Gaza que "entregue as armas e o controle" à Autoridade Palestina, que governa a Cisjordânia. Ele também solicitou que Israel se retire "completamente" do território.

O Estado da Palestina, destacou, está disposto a "assumir total responsabilidade pelo governo e pela segurança em Gaza, com apoio árabe e internacional".

Mas a pressão internacional está, neste momento, sobre Israel, para que ponha fim à guerra, desencadeada pelos ataques do Hamas em 7 de outubro de 2023, diante das imagens de fome generalizada que chegam de Gaza, marcada pela devastação.

As principais ONGs israelenses, B'Tselem e Médicos pelos Direitos Humanos, afirmaram nesta segunda-feira que Israel está cometendo um "genocídio" na Faixa de Gaza, segundo suas próprias investigações.

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