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A visão sistêmica na defesa do meio ambiente

O biólogo austríaco Ludwig von Bertalanffy (Viena, 19/09//1901 – Buffalo, EUA 12/06/1972), ao estruturar a ideia e publicar o livro Teoria Geral dos Sistemas, nos anos de 1930, tornou-se um dos personagens mais importantes e influentes do século XX. Ele foi o pioneiro da atitude de trabalho denominada como “visão sistêmica”. 

Segundo Bertalanffy, sistema é a interrelação entre as partes de um todo. Todo sistema é parte de um sistema maior, quando funciona como subsistema. A interdependência entre os sistemas é inevitável. …A visão sistêmica, desde então, tem sido essencial para a precisa definição de objetivos, e à qualificação e eficácia dos processos organizacional e de coordenação e à operação de qualquer empresa ou entidade, seja ela pública ou privada.

C. West Churchman, economista e filósofo americano (Filadélfia, 29/08/1913 – Bolinas, 21/03/2004), no livro Introdução à Teoria dos Sistemas (1968), de sua autoria, em que amplifica a teoria de Bertalanffy, categoricamente afirma: “Estamos sempre obrigados a pensar nos sistemas mais amplos. Se deixarmos de fazer isso, nosso pensamento torna-se falacioso”. …Churchman pensou longe, sem dúvida, “Ad infinitum”.

Esses comentários, preliminares, sobre a Teoria dos Sistemas, que se “aplica a todas as áreas do conhecimento humano” (sem espaço ao negacionismo), acontecem em razão de fatos atuais. 

No recente Fórum Nordeste 2024, realizado na cidade do Recife, no painel “Estratégia de descarbonização e desenvolvimento local”, com palestra a cargo do engenheiro João Irineu Medeiros, vice-presidente de Assuntos Regulatórios da Stellantis para a América do Sul, foi didaticamente apresentada a enorme e complexa cadeia de sistemas intercalados necessários à produção de veículos nas diversas fábricas da holding, alcançando até a frota em movimento externo com os usuários.

Por exemplo, determinadas análises podem vir do sistema (ou subsistema) de mineração, pois o aço, o ferro e o plástico são partes básicas e relevantes na fabricação de um veículo. Há todo um esforço coletivo ordenado na cadeia automotiva, em “longos caminhos”, em defesa do meio ambiente (o desafio de zerar a emissão de CO² / projeto carbono neutro), com a adoção de processos sustentáveis eficientes e uma evolução para o uso de energias limpas (entre elas, o etanol, o combustível renovável do futuro); fundamentalmente para enfrentar as mudanças climáticas e suas consequências, e garantir o futuro do nosso planeta. 

Presentes na abertura, a primeira parte do Fórum, a governadora Raquel Lyra e o prefeito João Campos, declararam que o Estado de Pernambuco e a cidade do Recife (capital), respectivamente, desenvolvem projetos sustentáveis e estão alinhados e comprometidos com as ações da transição energética.

Na mesma linha, o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, que acumula o cargo de Ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, também presente, foi taxativo ao afirmar que uma das prioridades do Governo Federal são as questões relativas ao meio ambiente e à qualidade de vida da população, e que as tratativas sobre as melhores condições para efetivação dos combustíveis renováveis estão na frente das pautas de trabalho, em conjunto com os empresários do setor, com destaque para o aumento do percentual de participação do etanol na gasolina (a mistura). A propósito, na última quarta-feira (11/09/2024), a Câmara de Deputados aprovou o Projeto de Lei (PL) 528/2020, atinente a matriz energética dos programas do combustível do futuro (baixo carbono), estando ele a caminho da sanção presidencial. 

Basicamente, o movimento da transição energética tornou-se imprescindível para a redução do “aquecimento global”. Em trajetória crescente, no seu âmbito ele já vem combatendo a causa raiz dos efeitos negativos da mudança climática, que, a cada dia, apresenta uma fatura exorbitante para o mundo (degradado pela poluição), com destruição, prejuízos e vítimas. Nos últimos anos, é inegável que as intempéries e os fenômenos naturais adversos, alguns raros, estão acontecendo com uma maior frequência.

No extenso território brasileiro, que achávamos imune a certas tragédias, houve alterações, não é mais assim… Vejam que ocorreram duas severas enchentes no estado do Rio Grande do Sul, num intervalo de um ano (2023–2024). E agora a chuva desapareceu – o Brasil vive o período dos mais baixos índices pluviométricos da história.

A estiagem aumenta as áreas de seca, e o rigor delas, em várias regiões. Rios caudalosos, importantes, estão no menor nível até hoje registrado. Em diversas barragens / represas, o volume de água está baixando em um ritmo inquietante. Há uma onda, prolongada, de calor mais alto (elevação da temperatura da Terra), que, entre outras coisas, é prejudicial à saúde e alimenta o aparecimento de incêndios nas áreas do interior (embora a maioria deles seja criminoso).   

Afinal, essa é uma luta árdua, sistêmica, necessária para o bem da humanidade.  


Administrador de empresas (UFPE) e cervantista
([email protected])

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