Sex, 05 de Dezembro

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opinião

Arbitragem brasileira: um novo tempo começou

A arbitragem brasileira não vive uma crise, vive uma transformação necessária. Depois de anos sendo usada como escudo para justificar fracassos e como palco de vaidades, ela passa por um processo silencioso, profundo e irreversível de reconstrução. E o mais importante: pela primeira vez há direção, método e propósito.

A atual gestão assumiu um sistema desacreditado e fragmentado, mas não se escondeu atrás de desculpas. Enfrentou o caos com serenidade, implantou um plano técnico e institucional sólido e vem executando ações que, mesmo ainda em fase inicial, já indicam um novo ciclo de profissionalismo e maturidade que o futebol brasileiro sempre exigiu, mas raramente sustentou.

Nos últimos meses, a arbitragem passou a ter critérios de designação baseados em desempenho real e avaliação transparente. Os treinamentos presenciais e virtuais agora seguem um calendário estruturado de aprimoramento contínuo. As avaliações técnicas e físicas voltaram a ser conduzidas com seriedade, e a valorização do quadro nacional deixou de ser promessa para se tornar prática. Hoje, árbitros e assistentes são ouvidos com respeito e diálogo, e isso por si só já representa uma mudança de era. É a substituição do improviso pela gestão, do discurso vazio pela entrega concreta.

As bases dessa reconstrução estão sendo lançadas com visão de longo prazo e coragem administrativa. Entre as ações em andamento destacam-se a profissionalização gradual da arbitragem, a criação da Escola Nacional de Arbitragem, a realização de seminários e encontros técnicos periódicos, a adoção de designações meritocráticas e a avaliação pública por desempenho. Essas medidas representam mais do que boas intenções. São práticas consistentes de quem compreende que o papel do gestor moderno é planejar, executar e corrigir com transparência.

A gestão atual também entendeu algo que muitos ignoraram por anos: a desinformação destrói mais do que o erro de campo. Por isso, está sendo implantada uma política de comunicação moderna e educativa, que promove cursos de arbitragem para não árbitros, campanhas públicas de esclarecimento e divulgação rápida dos fatos. O objetivo é combater a indústria de distorções que prospera nas redes e tantas vezes transforma o erro humano em espetáculo de ódio. Trata-se de uma nova cultura: uma arbitragem que se comunica, que se explica e que se faz entender.

O maior mérito do comando atual é compreender que liderar é equilibrar três dimensões essenciais: o político, o gestor e o líder. O político articula e defende, o gestor organiza e entrega, e o líder inspira e transforma. Essa harmonia tem sido a chave para resgatar a coerência e a credibilidade da arbitragem brasileira. O que está sendo construído não é favor, é um compromisso moral com o futebol.

A gestão atual merece respeito porque optou pelo caminho mais difícil: o do trabalho técnico, silencioso e responsável, enquanto muitos preferem o espetáculo das críticas rasas. Não é momento de substituições apressadas, mas de apoio, paciência e unidade. Trocar comando agora seria interromper o primeiro passo real de reconstrução em décadas. A arbitragem não precisa de salvadores. Precisa de continuidade, maturidade e visão. O tempo do grito ficou para trás. Começou o tempo do trabalho e de uma arbitragem que, enfim, volta a ser motivo de orgulho para o futebol brasileiro.


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