Seg, 15 de Dezembro

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opinião

Carta para Américo Lopes

Meu amigo querido irmão camarada Meca.

Quando chove na minha velha e querida Coruja, meus olhos também aqui distante, encharcam-me as retinas como se fossem dois barreiros cheios. Dois espelhos d’água, refletindo a paisagem de uma infância libertária, desvendando os mistérios do oculto para salvar um reino que se perdeu na imaginação de um menino que sonhava passarinho. Soltava pipas no céu do seu infinito, e galopante viajava pelas estradas do pensamento levitando na poeira de um passado feliz que nunca saiu de dentro de si.

Tenho muito orgulho de ter nascido lá, e talvez por isso nunca perdi o sotaque de quem traz na alma a aridez aguda de um povo sofrido que depois de tudo continua sendo ainda muito forte.

Viva o Pajeú das flores, de Moacir Santos, de Zé Dantas, de Lourival Batista, de Diógenes Arruda Câmara, de Américo Lopes, e do repente. Eu sou um “repensista” que pensa que o pensamento é um rio corrente e suas veias, são riachos que deságuam no coração. Naveguei nas procelas da vida e hoje estou aqui, velejando no remanso da idade. 

A esperança é o meu último suspiro, e como dizem que ela é a última que morre, vou continuar caminhando a passos lentos, para demorar bem muito até o dia da minha passagem para a outra dimensão.

Um abraço fraterno, terno e eterno do conterrâneo véi aqui! 


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